Sê bem vindo a Huambo, 19 Novembro de 2002...
Não posso facultar a minha identidade....
se eles me apanharem? ... Acabou!
Chove muito no meu covíl
onde tudo é preto e vil
concebo escrituras na parede árida
escrevo sobre o sofrimento nas estepes de Africa
onde é há fome, doenças, violência e angústia
procura-se obcessivamente por uma mente lúcida
tremo com a caneta por sinto isto no coração
ver almas tão puras sem carinhos ou condecoração
só maus tratos por quem eles julgam que os protege
aqui quem acredita em Deus é normal, quem não acredita é herege
que adianta dividir a população, quando o destino é similar?
somos apenas alvos pre-definidos prontos a eliminar
chacina cruel e crua dos senhores do capital
cubos de gelo desprovidos de qualquer compaixão espiritual
custa-me ser um prisioneiro nesta jaula doentia
consporcada em sangue e armas, escura, sem janelas, fria
como Mandela fui encarcerado por cantar a verdade aos sete ventos
tirei-a intacta das mãos de dementes que a jogaram em lagos lamaçentos
o ultimo olhar do homem livre traz na retina a pureza
que combate estoicamente esta falsidade indefesa
alimentada pelo petróleo e diamantes
muitos desesperados põem futuro nas mãos de cartomantes
quiromancia nada vale contra as balas
aqui não há caixões, abrem-se valas...
.... 19 Novembro,Huambo,2002....
Este poema foi retirado de experiências que tive no eclodir
da guerra cívil Angolana, que fez desbaratar bens alimentares,
de saúde, estropiou bolsas de valores, assassinou milhares de
cidadãos, mulheres, homens, crianças, idosos, jovens....
Calma! É só o início do holocausto!