Apresentação

Ser humano é medo, é fragilidade, lágrimas e sangue...
sofrimento, agonia, angústia e lamento sem fim...
a mim, a ti, a nós, o medo atacará até perder a voz..
vocês não acreditam...
enquanto isso..
ele age silenciosamente ...

Somos alimentados por medo!

quinta-feira, 30 de junho de 2011

Rui Castro

Da presunção nasce a ruína do ser humano
mata-se em série pelo petróleo e gás propano
o interesse é o defeito-mor da nossa população
as mentes andam esgotadas com cansaço em ebulição
os autómatos assolaram este térreo terreno que piso
acordos trituram-se pela cobiça ninguém respeita compromisso
o sol é gratuito mas investigá-lo custa milhões de vidas
de crianças estropiadas, tristes, abandonadas e desnutridas
o sorriso destes homens estilhaça como um vidro numa janela
e a memória de quem faleceu da-se numa vigília à luz da vela
incendeiam-se florestas para lucrar com a mãe-natureza
os arrogantes não viram que eram a maior e indefesa presa
os diamantes são o lubrificante que escorre na miséria da sociedade
ligam toda a gente à tomada num doentio estado de ansiedade
é a mecanização da população mundial à escala global
essas maquinas tentam retirar a essência biológica a este ser vital
imbuídos na onda do materialismo cego e desmesurado
a ideia é única em qualquer ponto da terra seja qual for o fuso horário
a mentira beija na boca a economia falsa e balofa que nos envolve
milhares de histórias inventadas mas no fundo nada se resolve
mantenham-se substanciais e não materiais neste país de idiotas
o mundo gira e pula levemente como um casal nas cambalhotas
feito de carne e osso como os extintos que moram nas mortuárias
foram pobres homens ceifados da vida por balas mercenárias!

Rui Castro.

segunda-feira, 27 de junho de 2011

Morte aos porcos!

Ando farto destes lobos famintos por sexo
conduta sem nexo com a qual fico perplexo
sem reflexo ou paralelo mentalidade vil
prefiro ser eu mesmo e ser um em dois mil
babam-se todos quando vêem um rabo de saias
em bares ou em praias atacam sem falhas
as lógicas nas suas mentes são poucas
a ignorância escorre naquelas caixas ocas
eu só luto se amar e me sentir conectado
não quero andar nesta vida enganado
uma troca de olhares tensa e intensa
pretensa diferença que marco com a minha presença
imensa mágoa tenho por ser rejeitado
por este mundo recheado de inveja e mau olhado
molhado pela água benta da verdade
esta arte mítica concede-me o subtil dom da eternidade
capacidade enorme para superar obstáculos
não passeio nas ruas para fazer espectáculos
factos destroem argumentos de gajos sem valores
gajas com calores vendem-se por uma nota de amores
prefiro fechar-me na caverna e redigir actas de fantasia
a ignorância agonia quando a sabedoria a paralisa
fica pelo caminho a dois passos de cortar a meta
vim para o amor para ficar não para servir de estafeta!

quarta-feira, 22 de junho de 2011

Oh coisas!

Bate o ponteiro da meia noite na matriz
enquanto irresponsáveis metem veneno no nariz
miúdas rejeitam a infância com vícios
vendem a alma e o corpo em momentos propícios
a noite enfeitiça esses corações apreendidos pelo Diabo
é tanta a asneira e parvoíce que fico com cara de nabo
desconhecem a magia da escrita e alquimia nela embutida
a mente entra em convulsão quando exposta à letargia
a vossa língua é uma lixeira suja e sem fino recorte
condenam desde cedo o organismo a uma sentença de morte
proliferação de ódios é cultivada logo desde o berço
mas essas hienas de cultura não sabem nem um terço
um sorriso é um portal para uma amizade duradoura
seja de amigos da cidade e de outras na dura lavoura!

sábado, 18 de junho de 2011

Ilha da Fantasia

...A cidade escurece
apodre-se vagamente na luz que se esvai
tilinta na campainha do destino um zumbido
indefinido como a minha rota que traço no céu
tanto teu como meu, sem dono ou objectivo
fugitivo da ditadura imposta pelos ponteiros do relógio
quero fugir do lógico, amar o abstracto, sentir o fantástico
sarcástico desejo que ensejo como a doçura dum beijo
de lábios eternos, ternos, carnudos como um fruto
refuto as teorias mais célebres do escurecer citadino
libertino e selvagem sem explicação ou senso comum
um a um, toda a gente fugiu da cidade sombria e vazia
derretem-se os últimos pauzinhos de incenso marroquino
suave e afrodisíaco como danças sensuais nas ruas da Argélia
o vento leva a cinza numa brisa que nos acaricia a face
castelos enegrecidos pelo carvão dos vulcões nórdicos
psicofónicos gritos de ajuda e a agonia ecoam da masmorra
do nosso sangue duendes fazem sangria, bem vindos a ilha, à Ilha da Fantasia...

sexta-feira, 17 de junho de 2011

Critica à Sociedade

Transfiguração da sociedade transmuta hábitos
permuta de influências entre nações distorce realidades
fragilidades desmontam os sistemas falsamente complexos
perplexos assistem à evacuação dos ricos para paraísos
postiços valores por eles apregoados durante horas a fio
à chuva e ao frio o povo estremece faminto e adoentado
assustado por este eclipse da verdade mesmo na sua face
esfuma-se o sonho que se espasma num vidro duma montra
contra o sistema que faz da mentira uma legislatura duradoura
vassourada nas mais altas instâncias urge de forma rápida
sádica ausência de valores e bom senso neste ritmo intenso
propenso à comiseração este vulto vagueia por entre paredes
observando postados nela avisos das finanças e segurança social
crucial fundo maneio não existe para calar a negra fome das crianças
cobertores e mantas não chegam para o aconchego do corpo
filantropo quanto baste para descrever este cenário vil e assombroso
a luz da vida é sempre intermitente quando o futuro é duvidoso!

Rui Castro

terça-feira, 14 de junho de 2011

Alquimia

Alquimia:

Junção de várias ciências
Químicos,antropófagos e astrólogos
a usam para dela forjarem sábias fórmulas
profecia reza que quem a possuir é o mago
apago no quadro do destino coisas más
gás de lacrimogénio impede a minha visão
neste túnel escuro onde busco o futuro
obscuro e imperceptível como hieróglifos
génio está enclausurado nesta masmorra
mas a magia dá-lhe asas para esvoaçar
livremente de mente aberta e purificada
mumificada se te fechares em ti mesmo...

Entra...

Sente o arrepio que te espanta o corpo...

A sala está escura e o fumo é denso...

Sê bem vindo, à Casa assombrada
fantasmas e ilusões vagueiam nela
tochas acesas alumiam o corredor
dor é tópico e o lema da assoalhada
fulgurante espectro te esventra
o espírito sem pedir autorização
concretização do ritual milenar
vácuo distorce-te a respiração
evacuação rápida em passo largo
cães raivosos correm na tua direcção
maldição engole-te esfomeada
vai devorar o teu ego até ao tutano
faminta e gulosa não olha a meios
para te transformar num trapo velho
sem expressão ou presença física
tísica sensação anula a percepção
do mundo real e verdadeiro de lá de fora
se te disserem para cá entrar novamente
tu ignora!


Passados 10 anos..

Passaste esta barreira do medo, e tornas-te poesia
aquilo que dantes era pavor, bloqueio, poluição mental.
Mas, de quando em vez, esqueletos brotam do teu armário
e dançam loucos e ziguezagueantes no teu salão perdidos
um tango apaixonadamente mórbido, este piso é de loucos!
Foi este o mundo que criaste no caldeirão que é o teu
hipotálamo, sequioso de fantasia, saudosista do paranormal.
Sentes-te sempre jovem , síndrome Peter Pan apodera-se
do teu organismo, o défice entre a realidade e a ficção
em que vives, origina este distúrbio paralelo em que
agonizas e no qual enquadras a tua escrita, saindo ela fluída
mas apimentada por uma porção grossa de demência.




P-S: A alquimia pode originar querelas idênticas no seu filho
é favor não o submeter a criança a conteúdos desta índole


Sem mais assunto, directamente do esgoto,

Rui Castro.

segunda-feira, 13 de junho de 2011

Perigo Cibernético

Somos plastificados por uma ideia plantada
na mente das pessoas que levam uma vida adulterada
proliferam as concepções e análises de metal e betão
um computador agora vale mais do que um aperto de mão
vibrações electrónicas contaminam o âmago destes miúdos
distorção mental leva a visões crónicas de becos profundos
invasão social e pessoal consecutiva estripa todas as paredes
do quarto de onde te aprisionas conectando o teu cérebro nestas redes
o teu sorriso é amarelo e a face pálida sem expressão
pensamento é lento e sem vida deixou de ser motor de propulsão
tens que te abstrair desse teu mundo cibernético e mortal
sai de casa e vê o pó que anda no ar e a tinta que pinta a parede de cal
deixa a natureza e sua substância te envolverem nessa tua rigidez
como uma dança selvagem que te saca dessa tua altivez
um dia vais trocar a tua namorada por uma companheira virtual
quando és confrontado com a realidade, o impacto é brutal..!

sábado, 11 de junho de 2011

Escrita como magia

Ponta gráfica descreve palavras como rectas
papeis em branco suplicam por uma assinatura
caricatura da sociedade esculpo da minha mente
proeminente poesia emana da esfera da caneta
tinta acaricia com verbos e metáforas a bela frase
que contorna com amor e carinho um verso inacabado
livros em pilha ajuntam-se na minha secretária cheia de pó
mete dó a lixeira urbana que se tornou a minha avenida
seringas e plásticos perdidos no vento que nos embala
sentado na varanda sinto-me envolvido na sala pela musica
que se expande pela casa através de ondas sonoras
ultra-sónicas que vagueiam no espaço sideral com velocidade
comicidade de situações citadinas devolvem-me o sorriso
que me fora sacado pela negritude que encarcera a alma 
da sociedade numa redoma de vidro laminado a cinza 
fluência consecutiva de químicos e fragmentos de experiências
mesclados no leito mental que me embevece diariamente 
calmamente recolho o caderno e a lapiseira  na gaveta
proveta ideia progride no meu neurónio esquerdo que ferve
na incubadora cresce gradualmente até passar para escrito
de proscrito a eleito num abrir e fechar de olhos
molhos de verbos e metáforas contenho atrás da porta
este portal que me transportar vou cessar por um momento
e dar aso à calma que se esvai suave e paulatinamente pela noite fora...

sexta-feira, 10 de junho de 2011

O Sol

O sol nasce numa aura imensa
irradia os olhos de quem mira com veemência
irrompe por janelas cheio de força e capacidade
busca a alegria e a paz sem parar com sagacidade
faz florescer a mais leve flor no mais verde ramo
faz brilhar os olhos daquela face que eu amo
as trevas tentam encobri-lo, não têm vida
ele é o farol sempre presente duma alma prevenida
é visto aos quadrados por quem está aprisionado
descrito em desenhos por um menino pela arte enfeitiçado
gerador de energia e substância deste planeta doente
elixir da juventude para quem tenta rejuvenescer a mente
despertador para quem se veste para mais um dia trabalho
recolher obrigatório para um morcego num galho
enfim o solo é tudo isto é muito mais
vital para mulheres, homens, crianças e animais
viral para quem tende a mergulhar na mais densa escuridão
única e fiel companhia para quem agoniza numa redoma de solidão!

quarta-feira, 8 de junho de 2011

A ARTE PERFEITA

Num acto de produção capaz e construtivo
onde o saber se confunde com o talento rebelde
o pensamento expande-se numa manta de palavras
metáforas,verbos, frases, textos, rimas e outras semânticas
a mente acende como um fósforo e vai evoluindo
atinge o clímax aquando da fusão entre talento e maturidade
conexão mental e moral auto-descritiva da nossa vivência
seja ela complexa ou simples tem sempre um valor inestimável
que nem o mais secreto baú nem o mais fortificado cofre
pode ostentar derivado à cultura ser algo que é imperioso divulgar
entregar de mão em mão, ou de boca em boca,
divulgação social para uma graduação mais elevada da população.
Cultiva-te, assenta a tua vida numa matriz de aprendizagem
mas nunca à margem do povo, porque ele, o povo anseia
novos conceitos, ideais, novas vertentes e variações do centralismo
neuro-comportamental que inunda todos os dias o sistema mediático
dos portugueses.
Há que ser audaz e arriscar novas saídas, ser brando na análise mas
sagaz na criação e mordaz no agarrar das oportunidades que nos
aparecem, porque, algumas são como comboios, só aparecem
uma vez na vida!

A mente é um labirinto, onde te compete achar a
saída para a libertação total, para o nirvana que te conduzirá ao
Éden astral e espiritual que fará de ti, vulgo ser humano, um ser
elevado, liberto, sem as amarras diárias que te toldam o raciocínio
com uma capacidade de articulação da fantasia com a realidade
fora do comum, adquirindo a facilidade e habilidade de conjugar
dogmas e conceitos de modo a criar uma chave para abrir a caixa de
Pandora que de vez te alargará os horizontes rumo ao objectivo
prioritário para todo aquele que se diz artista ou que tem como
concepção de vida criar arte:

A ARTE PERFEITA!

Artigo criado por:  Rui Castro.

Muito obrigado, boa noite.

terça-feira, 7 de junho de 2011

Famalicão Representa!

...Já é Quarta-Feira
Famalicense escurecer desta noite minhota
hoje mais um serão onde farei a rima derradeira
lealdade é o sentimento que esta palavra evoca
vindo da rua cruzo diversas esquinas sombrias
da 9 de Abril sigo caminho para a praça Dona Maria
eu era os olhos desta cidade ainda tu os abrias
sou como um filtro desprezo toda a porcaria
parque Sagres ponto de encontro da rapaziada
uma cerveja e uns tremoços e conversa eufórica
avaliando as amizades de forma calma e faseada
vazamos pro Matriz perto da zona histórica
luzes e som em conexão que nos acende a alma
fim de semana repetido vezes sem conta
sobre pressão há que saber manter a calma
raparigas não vão às aulas preferem estudar na montra
acabamos sentados nos bancos da rua de Camões
embriagados e sonolentos queremos é a cama
sempre na paz não somos daqueles de confusões
longes dos holofotes o nosso âmago subjuga a fama
ultimas cinzas desta noite longa e intensa
expressão facial cansada pela dureza das horas
união astral não contempla qualquer desavença
eu rio-me destes falsos galãs fartos de levar foras...


segunda-feira, 6 de junho de 2011

Segunda Tirada

Rimas desanuviam neste meu mar de atracções
construo um mundo só meu, cada vez mais próprio
ópio mental que me vicia sem dosear a injecção
idealizo um habitat onde me sinta em perfeita harmonia
um sorriso, um batuque, incenso e vocês de mãos dadas
malfadadas vidas proibidas por preconceitos inconscientes
cientes de que irão certamente poluir espíritos dessa forma
electrónica vivência irradiou a pureza orgânica humana
afónica verdade calou-se para dar aso à pérfida mentira
retira a essência daquilo que sentes e guarda no teu baú
de lembranças e recordações senão acabas vazio de memórias
não quererás ser um espectro escuro e vão nestas ruelas
cruéis e falsamente belas se insinuam a quem lá passa
como prostitutas à espera de massa para abrirem bordéis
física quântica não explica o fenómeno da artificialidade da sociedade
advém das montras, da vaidade, da falta de opinião pessoal
o tiro sai pela culatra a quem me quer ver pelas costas
amostras de gente que cultivam o ódio em campos simpáticos
linfáticos vasos alojam sangue venoso e escuro te alimenta
a interligação astrais que compõem este puzzle da população
é barrada a hipocrisia, apimentada com inveja e devorada com maldade
é este o trecho que dedico à minha urbe que observo da persiana
metrópole agitada Famalicão terra de amigos que não se falam
não se amam, não se abraçam, não se elogiam mutuamente
é a terra do terror tirada duma película cinematográfica
gráfica descrição que aqui vos deixo em forma de legado
numa primeira e ultima rima que faço aqui, a todos, muito obrigado!

Gerês..

Numa gélida montanha nórdica
paredes meias com a evolução nipónica
residia um velho poeta que vivia num casebre
o tempo fugia-lhe das mãos como uma lebre
bafo de incenso perfumava a assoalhada
este velho com a idade ficou com a mente baralhada
foram milhares de versos e parábolas
vivia dentro do mundo doido das fábulas
a caneta era o vaivém que o levitava
ao marasmo social ele não se habituava
sorvia cada vez mais fantasia e paralelismo
reincidente na incursão no oculto e no secretismo
surrealismo era tópico assente na sua agenda
foi deixando legado para o filho seguir a sua senda
do seu escritório emanavam vapores e mistérios
lia sobre guerras coloniais e a sua extracção de minérios
bruxarias nas terras africanas com bonecos e agulhas
hipotálamo incandescente que libertava efervescentes centelhas
durante décadas manteve-se à aparte da sociedade
amor extremo à arte que lhe toldava percentagem elevada de sanidade
a sua saúde era instável num furacão de internamentos e medicação
foi se apagando a chama que fervia intensamente no seu coração
tosse e falta de memória foram os sintomas da morte
nas mãos do destino irónico jogou a sua pouca sorte
septicemia colou o seu corpo no interior de um cinzento caixão
mas a escrita manteve-se vivia e viçosa, a sua única paixão
seu filho afogou as mágoas em versos e sonetos
construindo uma pirâmide de saber e cultura para filhos e netos
agora eles se deliciam com tamanha profundidade verbal
de que existia o culto à literatura estas escrituras são prova cabal
dormem embalados pelas letras dançantes que lêem dos poemas e prosas
religiosamente redigidos pelos antepassados em situações melindrosas...


Gerês, 17:20, 18/10/1921...

P.S: Esta história foi conseguida depois de anos e anos de pesquisa nas gélidas encostas do Gerês.Foram encontrados registos em papel envelhecido, carimbado a sangue, comprometi-me em manter em sigilo o local onde encontrei tal relíquia...

Jurei com a vida esconder esta história de morte...

Rui Lopes Castro

sexta-feira, 3 de junho de 2011

Rima Branca

O teu amor é tão bom
magico e trágico duma só vez
é um brilho dos olhos
uns lábios doces e apaixonados
embalados na doçura da nossa era
quem me dera ter-te aqui para sempre
décadas ou anos ou um milénio
és precisa e pura como uma lufada de ar fresco
um abraço teu é uma tábua de salvação
coração aflito por tanto desespero acumulado
passado horas a olhar a tua fotografia
mania que alivia esta tristeza que o espelho vislumbra
amo-te sem preconceitos ou barreiras
esculpo a tua face em parapeitos com canetas
de tinta azul fluída como um riacho serrano
és leve como uma melodia de piano que salta na sala
palpitante e crescente como uma adrenalina expressa por gestos
nefastos acasos ficam do lado de fora da porta
pouco importa se são problemas muito graves ou leves
tu deves estar concentrada no momento do agora
não no depois, no antes, concentra-te no durante
praticante da filosofia pacífica que me inunda desde menino
neste terno jeito com que te acaricio e te jogo neste mar de paixão
chão ou cama no sofá também é opção
importa é dar asas ao coração sedento de toque
foque em nós durante horas de essência e substância
termino esta dedicatória com uma lágrima no canto do olho´
vontade ao molho de te voltar a ver com essa tua magia
fantasia que extasia o comum humano
tu queres ser feliz? Então Siga!



quinta-feira, 2 de junho de 2011

Assombroso

Assombroso crepúsculo se alevanta da bruma
transumano destino ceifa vidas, uma a uma
discípulo treinado pelo mestre da poesia
viajo num cavalo alado nas ruas da fantasia
vulcão flamejante expele cinza carbónica
mulher ingere e fica total e puramente afónica
os céus entram em distúrbio com pancadaria
um ensombrado santuário vive no cimo da escadaria
de joelhos peregrinos sobem os degraus crentes
perdem tempo em lamentos com os filhos doentes
expansão global foi o nefasto veneno desta nação
deixou de haver evolução para haver aniquilação
a genética molecular do ser humano é assim, violenta
capaz de urgir em desespero quando o corpo não alimenta
mas a alma permanece esfomeada no seu âmago selvagem
a conexão entre bem estar físico e mental ainda é uma miragem
a tecnologia de ponta não resolveu a ponta do enorme Iceberg
tentam por água na fervura quando ela por toda a ala já ferve
parto o vidro que me separa da libertação mental profunda
salto a barragem da inteligência e absorvo tudo o que me circunda
torno-me um vulto no meio de tantos fantoches e marionetas
tento ser o humano de carne e osso nesta mundo de trastes e bonecas!

Rastreio

Num frasco junto diversas fórmulas
químicas quanto baste para funções cerebrais
vocês jogam a sorte aqui como em tombolas
líquidos ricos e densos como os maiores caudais
substância em potência neste intelecto
átomo mental em ascensão meteórica
fusão físico-química do corpo com o seu espectro
infusão inalada durante horas de forma eufórica
psicofónica auscultação do oculto presente
material agressão facial a um terno rapaz
bom senso e sensatez por um momento ausente
audaz poeta que torna essencial o que é fugaz
tudo isto num banal tubo de ensaio incolor
que pode conter em si a cura para todas as maleitas
infalível antídoto para toda a espécie de dor
em acção entra a bruxaria quando a medicina não aceitas
espíritos demoníacos bajulam-se da sua maldade
ácido acético cospem em gramas que te tornam anémico
de haver algo puro neste piso? É baixa a probabilidade
obesidade semântica pode tornar-te polémico
indecifrável ADN que circula em partículas sanguíneas
veloz e sagaz sem travão nesta cúbica via de acção
questionário elementar sobre a vida, sem alíneas
és preso por plagio cultural, pena sem medidas de coacção!

Curta

Numa tenda escura
no meio do nada
nada a perfura
na sua vivência abençoada....

Uma cigana faz quiromancia
na mão de um rapaz perdido
face imberbe e macia
olhar vazio e lívido...

Flautas dão um ar sonoro
ao ambiente que se vive
todas as peripécias decoro
a velha tradição ainda resiste...

Tochas alumiam a povoação
genuína e fiel à sua matriz
de olhos brilhantes como coração
e palavras ditas e vindas da raiz...

Vozes entoam na montanha
são os velhos sábios a falar
contam aventuras tão tamanhas
que ninguém urge em duvidar...

E eu assolado por tal magia
fantasia, pureza natural e selvagem
antalgia físico-química nesta ilha vadia
sinto-me figurante nesta grande curta-metragem...


quarta-feira, 1 de junho de 2011

MADALENA

Madalena, 03:03, Vale de Cambra, 6/2/2011..

Era uma vez, uma pobre menina duma aldeia, morena de olhos muito verdes, cabelo de preto garrido e solto pela aragem do vento, lábios carnudos, traços certos duma face embelezada pela pureza da floresta.Vagueava por dentro da densa e sombria floresta, repleta de lendas e boatos, de que lá viviam bruxas que enfeitiçavam as pessoas de modo a extraíres-lhe a alma para a vender ao Diabo ao preço da chuva. Mas o espírito selvagem de Madalena não temia tais "supostas" invenções das classes mais idosas desta aldeia de seu nome, Talhadas, que é bafejada pelos ares da serra.

Irrompia de forma arrogante pela escuridão assustadora que pintava o quadro bucólico em tons florestais, eram noites e noites lá perdidas por Madalena a passear, dançava, cantava, corria, fazia mil e uma coisas, ditava mil e uma leis num ambiente assombroso o suficiente para viciar o organismo desta terna jovem na sua vil magia.Num certo crepúsculo Madalena desafiou a sorte e fez-se a caminho e depara-se com a majestosa entrada, o portal fantasmagórico para este circo de aparições e ilusões, com o coração a bombear entusiasmo, Lena, como era carinhosamente tratada pelos entes mais chegados, entra, entra sem medo e aí, é envolta numa espiral de fantasia, cultura do oculto num culto que se não for bem gerido por levar o santo sepulcro.

Durante 7 dias e 7 noites, Lena não apareceu à rústica casa de seus pais, António e Maria. A apreensão assolou esta localidade, todos os dias o nome da jovem pródiga era pronunciado nas buscas pela aldeia, mas sem qualquer tipo de sucesso, havia um temor surdo e sem expressão mas que mastigava lentamente o âmago dos incessantes homens que toda a noite, iluminados por candelabros, faziam do corpo a camisa para encontrar Madalena. A lenda alevantou-se, especulava-se sobre a possessão da menina pelas sórdidas bruxas peritas em espalhar o choro e agonia por onde se pavoneiam.

Decidiram então penetrar na "Floresta Maldita, temerosos e com a caixão torácica devorada pelo medo, desbravaram mato em série, eram aranhas, abelhas, mosquitos, morcegos, cobras e ratos, todos eles a fazer as honras do que ainda estava para vir, andaram, andaram, e num momento, ficaram gélidos, petrificados, lívidos, fora de si, ao verem a sua filha, de olhos brancos,leves cortes na cara, pulso sem arritmia, lábios que eram carnudos totalmente cosidos, sentada num tronco de onde escorria um visco espesso, roxo e nauseabundo.Madalena tinha sido vendida aos demónios como ritual de sacrifício.Os locais, indignados, combateram com a velha bruxa, horas, dias, semanas, e a pobre Madalena ia desfalecendo, mas num acto de loucura e desespero, António trocou a sua alma com a da sua filha, ludibriando as hostes diabólicas, libertando Madalena da maldição, numa espécie de exorcismo paterno.

António morreu, mas a maldição morreu com ele, a floresta voltou a brotar viçosos frutos e sementes, animais  alados e deslumbrantes calcorreavam nos campos sem limite.Madalena nunca mais voltou à floresta, traumatizada, afectada pela experiência mórbida da qual por um triz saiu viva, mas perdendo mesmo assim a vida do seu querido pai.


Foi uma lição, que por mais selvagem que seja o nosso interior, a voz do bom senso tende a ser activa e boa conselheira.Há que ouvi-la e interpretá-la da melhor maneira para não sermos apanhados em situações de grande aperto...


Esta história foi me relatada pela Madalena, depois de anos em que se recusava liminarmente em contar a verdade, tal era o medo de represálias demoníacas.Agora Madalena vive sobre a égide da paz e da arte, combate e refuta todas as formas de possessão, porque diz ela, a melhor possessão possível para o ser humano prende-se com aquela em que a entrega à outra pessoa se torna uma simbiose perfeita: O Amor!

Autor:  Rui Castro