Quiromancia lida nas mãos de um ferreiro
feiticeiro que é incompreendido e passa por interesseiro
destruo a pirâmide da mentira que ensombra a vivência
inocência perdida quando lidei com este mundo de demência
bruxaria faz brilhar os olhos de quem a cobiça
quatro curiosos sentados numa mesa de maldade maciça
luz negra faz transparecer vultos na parede branca
corres a bom correr quando diabo em ti desanca
trepo de verbo em verbo como um lince ibérico
voo até ao topo sentado sossegado no meu teleférico
visiono em baixo de mim a normal vida do ser humano
ambição de alguns a esgotar-se na escuridão de um cano
ou na goela de um alcoólico que se destrói na taberna
eu prefiro criar a minha arte refundido na fria caverna
à luz da vela que me alumia toda a noite e todo o dia
tão bela tela onde descrevo com palavras a dor e agonia
que me perfura como um bisturi com a ponta aguçada
vela içada neste bote que só navega de maré agitada
cerro os dentes e os punhos e labuto sem cessar
não suporto projectos que cessam antes de começar
sequencial trabalho unindo rimas e metáforas em prol
de um mote que é criar poesia bélica e sincera num vasto rol
mas agora vou fechar a adega que tanto vinho mental publicita
não é qualquer cana rachada que esta palavra recita
um beijinho e um abraço deste poeta escondido
continuo firme e capaz em busca do cristal perdido...
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