Apresentação

Ser humano é medo, é fragilidade, lágrimas e sangue...
sofrimento, agonia, angústia e lamento sem fim...
a mim, a ti, a nós, o medo atacará até perder a voz..
vocês não acreditam...
enquanto isso..
ele age silenciosamente ...

Somos alimentados por medo!

sábado, 30 de abril de 2011

Já...

Já pedem outra poesia quando ainda nem saiu a Ardente
intitulam-me de mestre as palavras mas sou um delinquente
quando sai de Viseu estava mais enferrujado que um prego
tive que cortar as amarras e fazer voar e libertar o meu alter-ego
estudei horas a fio, atento ouvindo ensinamentos do meu tio
sentido calor e frio, li tudo de fio a pavio
desde a revolução cubana até à sangrenta ebulição muçulmana
soube interpretar sinais dos tempos como uma cigana
respeitei mas não segui a religião Católica, Jeová e Judaica
consciente do valor de cada uma, tornei-me uma alma laica
absorvi todas as cisões que vi entre amigos e namorados
ao inicio enamorados mas depois dos copos ficam ourados
pela sensual face da traição são ternamente devorados
não à junção, só a desagregação, nesta agremiação
o desrespeito aqui é tão normal como acidentes de viação
chorei lágrimas de saber e cultura, obesas de conteúdo
com suor, labor, ardor, sem favor, cumpri sonho de miúdo
fui precoce a tirar-te a tosse, cada metáfora é-te uma trombose
palavra alcoólica, bebes frases inteiras, dá-te cirrose
olha a câmara, vê-se mantens a pose
cogumelos mágicos em diversa ingestão resulta em overdose
alma definida, prevenida, serei nome de rua ou avenida
a tua amiga foi tão heroína que até te tirou a vida!

sexta-feira, 29 de abril de 2011

Obsessão

Num quarto escuro, fechado, silencioso
só iluminado por um candeeiro duvidoso
vive um escriba viciado em criar poesia
meditar nas asas dum dragão na fantasia
só sai durante a noite para viver a vida mundana
para sorver o que mais podre há da essência humana
e transforma-a em rimas benéficas e medicinais
por instinto ou por consciência sabia ler os sinais
os seus amigos era raro ver durante meses a fio
sempre fiel à rotina esteja sol, neve ou frio
vivia no meio de canetas, papéis e dicionários
livros e livros sobre os maiores revolucionários
só se fazia acompanhar de café para se manter acordado
quando saia à rua a luz fazia transparecer a sua cara de assustado
olheiras enormes coloriam a sua pele envelhecida
mas por dentro de si habitava uma mente estimulada e guarnecida
guardava os seus escritos religiosamente numa gaveta refundida
mal se via por causa da lâmpada do quarto estar  fundida
a sua mãe doméstica de profissão vivia na preocupação
sem saber em ponto estava a decorrer a sua evolução
a degradação do seu filho era cada vez maior
sem saber que ele voava ao escrever nas asas de um condor
sem patrocínio só paixão selvagem e sem barreiras
a escrita não tem limites quando o autor não tem fronteiras

........
Passados 2 anos...


Este rapaz começou a divulgar as suas obras
poesia de paz e amor sem rancor ou cobras
sem pensar no sucesso ou vantagem monetária
para ele partilhar cultura era questão humanitária
mas a sua praia era o seu predilecto quarto mágico
lá montava defesas para evitar qualquer desfecho trágico
à média luz iluminando apenas uma folha branca
avizinhava-se uma torrente de sabedoria franca
arrobas de versos decoravam este papel cavalinho
fazia tanto uns assombrosos como outros com carinho
panóplia exacerbada de metáforas e paisagens mentais
mas a verdade e a humildade eram pontos fundamentais
o seu sucesso cresceu de forma gradual e proeminente 
e o seu vicio cada vez se tornava mais impertinente
engolia-o numa rotina puramente artística e literária 
reduzindo o espaço já ínfimo para uma vida mais arbitrária 
como um monge vivia em exclusivo para uma só causa
a mil à hora num destino egocêntrico sem qualquer pausa


passados 6 meses
......

O seu corpo estava magro, frágil e sem defesas
eram vários os maços de tabaco e filtros de canetas nas suas mesas
afastado das lides sociais e sem real percepção do seu sucesso
a sua exaustiva dedicação à escrita deixava o seu rol de amigos perplexo
a ideia de melhorar cada vez mais era a força motriz da sua vivência
antigamente era paixão agora tomou contornos de dependência 
a sua mãe faleceu entretanto fazendo-o aumentar ainda mais a reclusão
dentro do seu cubículo onde tudo tinha inicio mas não tinha conclusão
desnutrido de nutrientes e proteínas, alimentava-se de literatura
comia só o essencial e devorava livros e artigos para poder estar à altura



Passados 4 meses...


Muito débil e vulnerável a doenças
sem ninguém ao lado para o defender das suas desavenças
com o destino que lhe era vadio e libertino
onde ele só queria cumprir o seu sonho de menino
nas semanas posteriores o estado de saúde foi-se deteriorando 
cada vez mais fraco e pálido, o seu hipotálamo foi piorando
os versos já não saiam tão fluídos como outrora
o vírus vai-se alastrando quando a ajuda demora
às 2:03 da madrugada foi encontrado deitado na cama
sem pulso, sem cor, lívido e sem expressão, sem alma
totalmente esgotado, tinha usado todas as forças na arte
foi-lhe fatal a sua mania sórdida de ser por à parte
o seu nome foi carimbado em escritos em série
mas o seu corpo foi levado pelo diabo para a intempérie 
agora só resta aos amigos o seu legado 
carinhosamente por si com minúcia delegado
para ser expandido e divulgado aos sete ventos
nas maiores feiras ou nos mais culturais eventos
na frase mais assustadora ou na metáfora mais bonita
o que transparece em realce neste poema é o amor à escrita!

quinta-feira, 28 de abril de 2011

Hipotálamo

em cada linha da minha rima trago um agradecimento
que me trouxeram à tona em tsunamis de sofrimento
entre sonys e kunamis ele tímido solta um lamento
é uma ferida aberta sem qualquer tipo de isolamento
.......

Num estilo de escrita escondido na cripta
Fenícia ou Judaica 
toda a gente a julga arcaica
não abordo nada de ânimo leve
seja festa, funeral, feriado ou greve
cerebral e racional
como escritores no frio do Kiev
se existem problemas eu passo ao ataque
refundido nas grutas 
como os soldados no Iraque
ansioso para soltar o grito da revolução
o Vietname para muitos foi uma lição
tal insucesso foi dissecado numa canção
valete fez de anti-herói e avalizou a dissolução 
Castrou tomou Cuba levado por Guevara
criou um legado muito para além do que imaginara
trazia no bolso o comunismo que agora ninguém para
como tal Florbela Espanca com tamanha suavidade
capacidade para trazer a novidade
mulher genial é um poço de imprevisibilidade 
eu fui criado numa placenta poética
com uma lusa conexão fonética
 a voz de Zeca trouxe o timbre para a dica profética
sou mais apalavrado não sou de problemas numéricos
a pé ando sou avesso a teleféricos
rimo abençoado pela torre dos Clérigos 
doei a minha intelectualidade 
 a gente imunda
sem rosto, sem nome, sem idade
chorei e ri em pleno parque
Dona Maria Segunda
símbolo da cidade dos amigos
alguns recentes outros antigos
Famalicão tem muitos inimigos
sorrimos mesmo com vida de cão
tratamos bem toda a gente 
amigos de longa data ou apenas conhecidos
dá-mos a vida por quem amamos
pela justiça e sinceridade clamamos
a tristeza e mentira odiamos
conscientes e humanos
não sou animais como a aliança atlântica
a fazer segurança em Guantánamo
detesto pessoas cínicas
ou falsos doentes acamados em Clínicas
sem apresentarem fissuras mentais ou físicas
corro pela verdade como Rosa Mota
a quebrar barreiras míticas
tanto na rima como na prosa 
sou um anfíbio 
veloz como o Thorpe em mariposa
quando te olho nos olhos 
estremeço de alívio
quando os teus lábios se movem
espero que eles se adociquem e inovem
eles são simples e sábios
doces e mágicos
os lábios desta linda jovem
que leva à fantasia
extasia-me a mente
acordo em Atlantida
fraco e dormente
isto é tão metafísico e tão complexo
parece um exercício de física quântica!

Capítulo 1º.

Cresci, aprendi...
vi a franqueza em ti
que te fez tombar
em frente a um bar
vês tanto alcool que te estás a babar
cresce puto
és inculto e provocas tumulto 
dantes vi a tua face
agora só vejo um vulto
avulso produto nas bancas
sejam pretas ou brancas
em toda as pessoas tu desancas
sem piedade nem dó
pensa na lição da tua avó
que mesmo doente nunca te deixou só
mas tu não queres saber
só queres enfurecer e ferver
à porrada resolver aquilo que deverias viver
com revólveres e pistolas
matas a tua saúde seu artolas 
estás tão débil que já não assumes bitolas
imolas a tua mente
ardentemente
nessa tua vil fornalha de onde és proveniente
olhos cinzentos e distantes
só tens garrafas e maços em estantes
os vómitos e tonturas são torturas constantes
a alegria e a decepção são limites equidistantes 
contracepção de ideias
por famintas alcateias
de lobos sociais presos em teias
ou amarras
sê humilde em funerais ou farras
evolui ao ler estas barras
neste mundo uns são formigas outros são cigarras!

quarta-feira, 27 de abril de 2011

Ninguém me silencia..

Ninguém me silencia
de forma suave e macia
ladro e cravo as unhas
quando a maré esvazia
e tu deitado na areia sonhas
com um mundo utópico 
qual é o tópico?
eu estou na vila e tu no trópico
não sei se sabes 
mas eu sou filantrópico
fantasista quanto baste
sem fazer desastre
sei ser realista
idealista sem ser materialista
digo asneiras
e cometo erros 
não sou um falso moralista 
sei que já te usaste do meu nome
para subir a um lugar de renome
mas eu escrevo para te matar a fome
de poesia e de fantasia
que te extasia 
anestesia numa maca hospitalar
com soro na veia a jorrar
a tua mãe ao teu lado a chorar
e tu nas asas de Condor
sossegado e aluado
a viajar
o teu coração bombeia felicidade
facilidade em ter a habilidade
de ambicionar alegria 
amor e amizade.
Em panfletos anuncio o meu sucesso
só saúde e vitalidade é o que peço
és rico? Eu não tenho preço
eu sei que para ti estou do avesso
mas é este realismo cru e duro
que aos meus amigos forneço
futuro desvendado
numa bola de cristal
fundamental destino
libertino e crucial
para quem me ama 
neste mundo assombrado!
Fecha-te no quarto se tens algum receio
pelo dia do julgamento eu anseio
sem freio risco o teu nome a giz
estou ansioso porque vou fazer juiz
e mandar-te para prisão com fantasmas
ventrílocos ofegantes com asma 
a verem mutilações gratuitas em plasmas
isto é só início e tu já pasmas?
Dizes-te inocente 
a boca fala mas não sente
não diz nada estruturado e decente
ausente coerência deste paciente
nada paciente na hora de 
sair da cela
parcela minúscula a si 
conferida para viver e tratar da ferida
à luz da vela 
como na viela onde vivia
convivia com o mundo
criminal que agora ignora.

Rimas

Mais um rima para treino intensivo
Poeta corrosivo
nada agressivo
se é para falar asneira coloca um adesivo
expansivo sou porque adoro observar
conservar tudo na data de validade
a sabedoria é como um produto
antes de provar tem que ter qualidade
limpa e duradoura
varro a ignorância de vassoura
a tu mão não escreve ela só rouba
se ainda tens um resto de sapiência então poupa
tremoços, amigos, cerveja e vinho
caminho pé ante pé nunca sozinho
transparente e sincero não me dou crimes de colarinho
avesso à sujidade
ao esculpir a rima deixo tudo limpinho
para me vender? Convite declinado
para a pureza e verdade artística estou inclinado
impregnado viver de ouro sagrado
esse ouro é o talento e o amor provado
durante anos e anos a fio sem medo
de revelar a todos o segredo
de como sobrevivi ao degredo
ou quais as malhas eternas deste enredo
subtil e soberbo ou só viciado em palavras
algumas alegres outras macabras
estou por de trás da porta à espera que a abras
para entrar com peito neste mundo de víboras
que te agarram com situações frívolas
rapaz essa questão decifra para escrever a cifra
és amarrado à tua arte
partilha com os manos deixa de ficar à parte
a partilha é uma essência
mais rara do que água em Marte
cobre ou prata são lixo nesta área
há que saber escolher quando a porcaria é vária
ninguém te guia aqui a vida é arbitrária
não tenho só uma rima tenho parafernália.

terça-feira, 26 de abril de 2011

Retrato

Neste mundo onde se desrespeita o submundo
classifica-o de sujo, porco, inútil, escuro e imundo
mas é este império que te ergue quando bates no fundo

é o seu som que ouves quanto a tristeza sem dó te bate
ouves relatos de Guevara, Caím, Pessoa e Yasser Arafat
de Famalicão ao Líbano para passar no Golfo do México
veneno lírico que te enche os ouvidos e expande teu campo léxico
guarda esses teus rascunhos bem guardados num portefólio
nesta selva animal só se salva quem traz dinheiro, poder e petróleo

vejo africanos e asiáticos mutilados a sofrerem nos cantos
quando a desgraça de Angola se chama José Eduardo Dos Santos
grandes prantos fazem presidentes em série na televisão
com vendas em forma de promessas tapam-te a visão
Stephen King traz o terror mas Pepetela traz a verdade

em esgotos esvai-se nos canos como fumo leve e denso
Sá Carneiro foi sabotado pelos media num "acidente"pretenso
a mentira tomou posse em Belém com a leveza de um lenço

Sócrates abriu a porta da desgraça com as Chávez da miséria
fez da asneira rainha e da liberdade de expressão uma presa galdéria
a nuvem de fome e sede já atinge o Ruanda, Uganda, Líbia e Libéria
eles aumentam para milhares à velocidade da luz como nómadas na Roménia

Bob Marley espalhou a paz a cantar e jogando à bola
já previa a contaminação social que agora nos assola
muitos miúdos vagueiam sozinhos com sapatos sem sola
e fogem de casa e só se sentem bem sentados na escola

Para alguns matar e roubar é algo normal
banal e nada de mal, enriquecer é o principal
insensíveis de balas e rockets têm um manancial
Salazar mandava os que queriam liberdade para o Tarrafal
a ditadura e a espionagem tinha acordo nupcial

Andaram os nossos avós a viver com ancinhos
uns comem pão do chão outros deitam fora Suissinhos
uns têm pão do melhor outros tentam fazê-lo em moinhos
tu tens seguranças outros são baleados nos seus caminhos!

domingo, 24 de abril de 2011

Luzes, Faísca, Chama.

Toda a gente escreve
numa folha ou num papel
toda a gente escreve...

a mente ferve em lume brando
numa chávena de saber
em direcção à meta abrando..

vou balançando ...
num balanço leve
vou dançando...

nesta dança perdida
numa sala vazia
com uma roupa encardida..

o corpo insinua
gestos e vontades
de jovens meninas nuas...

luzes, faísca e chama
iluminam o salão
onde a alma ama...


REVOLUÇÃO!

Estou farto deste consumismo mentiroso
esta paixão cega ao dinheiro é algo faccioso
parece que as palavras de Guevara se foram
e só resta a violência quando as notas evaporam
o Zéca cantou um mundo visto com verdade
abordou as fraquezas do povo com talento e seriedade
Mia Couto relatou o ostracismo sofrido em África
belíssima teoria que ninguém ousa por em prática
tanta má notícia vai-te dar poderosa cefaleia
também deu ao Durão que fugiu para a Comissão Europeia
transplantou a miséria para as ruas de Lisboa e Porto
mal viu o fogo ateado deu à sola não fosse dar para o torto
cresci a ver a esperança nos olhos das pessoas na rua
agora só vejo uma descrença horrível, pálida, nua e crua
temos um estadista que é talhado para asneira e inércia
este é o Sócrates falso porque o verdadeiro ficou na Grécia
agora escrevo a chorar internamente a fraca cara deste burgo
declamo poesia sofrida e dramática como um dramaturgo
Salgueiro Maia arriscou a vida para libertar as pessoas da ditadura
agora essa liberdade não passa de miragem escrita numa gravura
toda o mundo se ri pela comédia de fraco nível que se vive aqui
fazemos de figurantes para dar espaço ao protagonista: FMI
para os putos os heróis agora são a Playstation ou a Sony
e a vida que ambicionam é a mesma que sentou no tribunal Sílvio Berlusconi
estão pré-formatados para viverem numa realidade porca e sombria
os que os formataram eram os mesmos que fugiam quando Trotski a boca abria
o capitalismo foi a maior droga injectada nas veias da sociedade
aumentou a gula e também exponencialmente o egoísmo e ansiedade
eu fui educado por Bob Marley na linha do amor e pacificação
agora vejo o corpo da população canceroso e com descalcificação
sem essência, sem rasgo, sem golpe de asa, sem imaginação e fantasia
estes falsos moralistas incendiaram a nossa alma e nela fizeram uma razia
mas cabe-nos a nós agora mudar a face desta pocilga social
o espírito revolucionário que nos envolve tem que ser algo crucial
a raiva que nos sangra nos olhos tem que explodir nas ruas da tua cidade
inspirem-se nas histórias de valentia que os vossos pais vos contam da sua mocidade
vamos enclausurar no limbo da mediocridade estes políticos asnáticos
prender na cela do esquecimento estes patrões egoístas e lunáticos
vamos trazer a igualdade social, moral, espírita e criativa
numa plataforma mais livre, harmoniosa, sincera e expansiva
tragam Luther King estampado nas vossas camisolas e mentes
vamos acabar com estas imagens infernais e deprimentes
saia-mos à rua e ergamos a revolução
em suma, basta de pensar com a cabeça, pensem com o coração!

quarta-feira, 20 de abril de 2011

Pensamento.

Uma pessoa é sincera e todos batem palmas
dizem asneiras ao rufar de tambores e salvas
a verdade invade as nossas almas
ás vezes é impossível manter a calma
tudo nos cai em cima sem dó nem piedade
a mentira parece o caminho fácil para a felicidade
safam-se os que mostram mais imaturidade
é este o dilema da juventude da cidade
sou transparente como vidro sem gordura
passei as trevas nesta jornada longa e dura
suportei vulcões de elevados graus de temperatura
sem qualquer tipo de gesto de carinho ou ternura
fechei-me dentro de mim mesmo sem medo
ser-mos sinceros connosco é o segredo
absorvi a desgraça que advinha do degredo
da toxicodependência ou do fundo desemprego
seringas e invólucros infectados na rua
amaldiçoam a ténue alma ruim e nua
nas águas do inferno toda a morte flutua
na estrada da vida o diabo é uma gazua
tentas correr mas não tens destino
neste planeta de macacos tem cuidado menino
isto é tudo interesses tens que te por fino
o bem estar do teu corpo é interino
subtraíste a magia ao teu mundo
incorrecta decisão altera plano de fundo
cada investimento teu é insucesso rotundo
arrepias caminho até ao mistério mais profundo
és um fantoche dos teu colegas
tentas obter respostas mas só levas negas
caminhas titubeante nesta sala às cegas
sê astuto quando a alguém tu te apegas!

Diálogo.

 Fada Madrinha:
Rui, sabes o que é o Amor?

Rui:
O amor?
Isso existe?

Fada Madrinha:
Sim, dizem que é algo bom e que nos eleva para  fantasia...

Rui:
Então porque é que toda a gente acaba a chorar quando o vive?

Fada Madrinha:
Existem sempre tristes que tentam diluir no ódio a essência do sentimento,
tornando esta experiência um campo de horrores..

Rui Castro:
Tive uma namorada que me maltratou e desrespeitou só sorvendo a minha arte e carinho!
Fui bom para ela, dei-lhe de comer, beber, dei-lhe cama e roupa lavada..
achas que merecia?

Fada Madrinha:
Não, não merecias, foste dizimado por mais um vampiro do amor, que te suga a a felicidade e
a alegria em breves semana, deixando-te inerte e frágil...

Rui Castro:
Diz-me se tens alguma cura, algum antídoto para este vil veneno?
Pago o que for preciso para voltar a sorrir genuinamente...

Fada Madrinha:
A cura não se paga, ela provém do nosso âmago, fecha-te no teu quarto
escreve, escuta, pensa, realiza toda uma obra da qual te orgulharás, e
verás que sem queres aparecerá uma alma no teu caminho para te
salvar deste teu paradoxo triste!

.....

Rui ao ouvir estas palavras da Fada, ganhou ânimo na busca da felicidade, cruzou mares e montanhas, ultrapassou barreiras e muralhas, até que ao fim de 10 anos, a felicidade tocou o rosto de Rui, fazendo-o
franzir um sorriso rasgado, e coroando o seu coração com um amor sublime...

(Continuação)....

Vila Nova de Famalicão...03:28...

data desconhecida...

domingo, 17 de abril de 2011

A cave..

Entrai...

Sejam bem vindos, nesta cave sórdida, pairam aromas hediondos, cadáveres pregados no tecto cambaleiam para a frente e para trás, numa dança solta e sem alma.

Pé ante pé, tenta fazer o menor ruído possível, abre bem os olhos, os demónios andam camuflados de símbolos, libertam uma macumba homicida e tu inocente, quando dás por ti, estás envolto nesta mescla de fluídos do inferno, num segundo estás num bordel rodeado de caras cínicas, um cheiro podre a álcool e tabaco, a tua face enrugada, cansada, queimada da má vida.

Noutro segundo estás numa cama de hospital, débil, inerte, ofegante, de olhar vago e reflexos previsíveis e lentos, sem aquela audácia que te caracterizou em tempos.A necessitar de ajuda psíquica e física, foi-te diagnosticado uma insuficiência hormonal, que se esgueirou das tuas defesas e proliferou no teu sistema imunitário e fez erguer sobre ti um pesado fardo impossível para o vulgo humano suportar!

A viagem segue para um cenário de guerra, só vês morte e desgraça, confronto despropositado e tu lívido, cego de ódio obtuso e sem motivo, de metralhadora em punho, dizimas vidas ao livre arbítrio, sem sequer pensar no que cada vida dessas representa, contem, ou em que é que consiste.A sua essência esvai-se na ferocidade de um disparo e na trajectória assassina duma bala!

Estes três cenários de situações limite transportam-te para um limbo de amargura e descrença tal que a única escapatória é venderes a alma ao diabo, ele te oferecerá dinheiro, tentações, vícios e ilusões.
Enfim, todo o deleito do ser humano numa só poção, que esvaziará o teu hipotálamo e o fará descer a um nível ridículo de futilidade e plasticidade!

Agora abre os olhos...

com calma...abre lentamente os olhos...

o que vês a tua volta?
Os esqueletos, os símbolos, os caixões, velhos amorfos amarrados a garrafões, nesse vil liquido afogam desilusões...

estás de partida?

Então obrigado, por teres vindo, à cave do Diabo!