Era uma vez uma terra escura como a face oculta da lua, onde tudo era cizento e sem tez, a terra era árida sem qualquer tipo de substância.Terra estropiada pela militância de soldades cruéis, sem qualquer tipo de clemência ou valores sobre a vida humana e o seu incalculável valor.O verde sucumbiu em prol do betão e a cor deu lugar ao pálido, a brisa tombou num desmaio profundo sendo agora um nauseabundo fedor de morte e angústia.
Estou a falar da cidade de Cifras, uma cidade outrora estandarte da prosperação, capital do capitalismo desenfreado, multiplos negócios coabitavam no mesmo espaço sideral. As crianças brincava em verdejantes campos de jogos, moderníssimos equipamentos desportivos para uma práctica saudável, tudo parecia perfeito
num cenário de alegria e amizade anestesiante, mas....
tudo tem um senão, esta paralisante perfeição desvaneceu-se como um castelo de cartas quando a inveja, cobiça, o ódio e a propagação da crise económica devastou banca e bolsa de valores, populução cegou ao entrar numa competitividade irracional, bens alimentares subiram em flecha para preços proibitivos no que toca à sobrevivência alimentar de adultos e crianças. Bancarrota foi o passo seguinte numa queda absurda onde todos clamavam perante justiça injustiçando quem pouco era responsável pela apocaliptíca situação desta metrópole que desabou em meia dúzia de meses.
O inevitável aconteceu! As actividades ílicitas propagaram-se de uma forma assustadora, ladrões, vigaristas, homicidas corruptos, drogados e prostitutas surgiram nas ruas à velocidade da luz, pintaram as esquinas de um preto mórbido, triste, silencioso, macabro e atroz, asfixiando a liberdade e o bem estar de quem nela cruzava em favor do seu único propósito: Conseguir angariar o maior numero de dinheiro possível para fazer face a uma miséria medonha que os envolvia num enlace de dor e depressão sórdida.As Crianças foram aprisionadas numa escola resultadista, sem qualquer tipo de consciência social, moral ou ética, adocicados desde cedo com o sabor infame do dinheiro que faz girar esta babilónia consumista onde a produção se sobrepõe a postura pessoal, carisma, talento natural e fantasista.
Esgotados desta luta inglória, os cidadãos foram falecendo, numa hecatombe brutal que ceifou milhares de vidas, envoltos num destino demoníaco, num ápice, as caras viraram lápides, os corpos viraram cadáveres, e as almas viraram espíritos negros que contrabandeavam sofreguidão e desespero em cada beco deste cemitério de almas.A placa giratória do dinheiro, essa meretriz dos tempos modernos, tinha acabo de fazer mais uma vitíma....
(Nesta fábula tentei metaforizar os efeitos nefastos da crise, e mais do que isso, os efeitos nefastos do dinheiro esbanjado sem dó nem piedade, que quando retorna leva tudo à sua frente, espalhando o caos anímico e financeiro nas principais cidades mundiais, mesmo com a crise que atravessamos, a cultura, o saber, o amor, o carinho, afecto, são tudo conceitos para muitos ilógicos, mas duma importância vital no nosso desenvolvimento e no nosso bem estar mental, espíritual e kármico durante o dia a dia, pense
"Antes de olhar para uma nota e dizer : adoro-te, olhe para uma mulher e diga : amo-te!"
Rui Castro