Apresentação

Ser humano é medo, é fragilidade, lágrimas e sangue...
sofrimento, agonia, angústia e lamento sem fim...
a mim, a ti, a nós, o medo atacará até perder a voz..
vocês não acreditam...
enquanto isso..
ele age silenciosamente ...

Somos alimentados por medo!

sábado, 28 de abril de 2012

Dias

Durante dias a fio fechado em casa, sem um único feixe
de luz, sem ouvir o barulho da urbe, que surge de carros e pessoas
umas más e outras boas,  ensurdece qualquer tímpano, escrevo como
um dinâmo,  poesias e prosas já passam uma grosa, são leves e românticas
como rosas, infiltram-se no teu ser como hipnose ,  é gnose, corpo, alma e mente
em sintómatica simbiose, osmose, em metamorfose, prefiro o teu conteúdo do
que a tua pose.
Apoteose inédita, nada céptica, épica, para muitos incapazes anémica,
química entre papel e escritor, caneta que acarreta sensações e ilusões
alucinantes, alucinações, visões e sonhos com druídas e poções
é a poesia e a prosa conjuntas num projecto misterioso
criterioso, imperioso, valioso, impiedoso com o que ver
morto, de Lisboa ao Porto, sem zona de conforto, absorto
em cada trabalho feito com vaidade é como feto num aborto..
versos e veros , controversos, transverso num texto sem contexto
pretexto para metaforizar assuntos ricos em sumo cultural,
ironizar, calcificar uma cultura que tem pernas para andar!


quinta-feira, 26 de abril de 2012

Inferno das palavras!

Todo o ser tem valor
é irrefutável! Inegável num trajecto
sinuoso que é a vida, desprevenida,
precária, adversária num jogo sádico
repleto de feitiços e macumbas...
esqueletos se alevantam firmes de tumbas
para verem a hora em que tu triunfas
sem medo ou receio do teu futuro
com aquele vencer puro e duro
obscuro entardecer cobre a minha aldeia
lobos atacam em forma de alcateia
tochas e candelabros alumiam à frente
num trilho subterrâneo que continua
eternamente...

Cresço com a seiva do meu trabalho
falho! Sim, sou humano, provoco dano,
furo plano, mando poema para o cano,
profano...
falta lucidez, fica branca a minha tez,
ensaio um desmaio, esvaio-me, caio na
teia da viúva negra, é regra...
brinco com o risco como uma criança
num berço...
um devoto se amarra a um terço,
eu faço votos para que nunca falhe a minha
crença, no meu labor, o meu amor, feito com
ardor, valor e brio, sinto frio, irradio tremor,
a percentagem de sanidade já não alcança
um terço do valor!

sábado, 21 de abril de 2012

Fim do Mundo

Fim do mundo vislumbro no horizonte
numa visão aterradora mesmo à minha frente
céu pintado numa cor garrida e berrante
o agudo dos gritos humanos é arrepiante
tento deixar um testemunho num papel de rascunho
a mão treme de medo e só sai um gatafunho
ataxia afecta cães e gatos repletos de susto
tento alimentar-te com restos perdidos a todo o custo
o barulho é ensurdecedor dos trovões a rebentar
nos tímpanos que com tanto esforço tendem a bloquear
neural derrame de glóbulos tira-me a racionalidade
brutalidade! O mundo é ilusão e saudade...
choro lágrimas salgadas neste mundial tão inssosso
humanos lutam por água como sete cães atrás do osso
os mares ganham hectáres ao ser humano de forma atlética
é satanás a castigar a terra pela ganância e falta de ética
num zodíaco macabro rodam signos num carrossel ilusionista
a terra está em colapso, sê bem vindo ao nirvana dos anarquistas...

sexta-feira, 6 de abril de 2012

Versos

Fecho-me no quarto a ler e a escrever
tantos livros, tantos! Já fazem uma pilha!
por vezes sinto que estou só numa ilha
afogado nas minhas leituras de madrugada
onde lavo e rejuvenesço a alma fustigada
alienada de um país gelado! Concentrado
em questões minúsculas, sem vírgulas, o
tempo passa sem filtro numa viagem sem
terminação, com coração faço a doação
da minha cultura para que não vivamos
em vão!

Detono dogmas encriptados nas linhas
sombrias da vida, precavida, ávida,
prevenida e esclarecida, é assim a minha
arte, durante anos posta aparte, de parte
a parte, ninguém comparte, valorizada por
mim até ao dia do enfarte. Filantropo com
quem me segue nestas jornadas, endiabradas
, desmesuradas, hipotecadas pelo calculismo
erróneo de certa gente, agente licenciado
em direito literário, o estudo é vário, nunca
arbitrário, sempre necessário, imenso e denso
num propenso estilo solidário, renego totalmente
a ser autoritário!


quinta-feira, 5 de abril de 2012

Luar

Ao luar vive uma esperança que se esvai no vaivém eterno dos ventos que beijam as faces das mais belas moças  cidade fora. Cada pedra da calçada conta uma história inusitada, propensa a espanto, envolta em actos loucos, heróicos, que surgem pela extrema e quase suicida que o humano tem em se agarrar algo superior. Uma crença numa instituição a roçar o divino, alguém que tenha ascendido a um patamar inacessível de estatuto social, mental e espiritual tanto em si como em quem o admirava. É duma crueldade quase medieval fechamos o nosso coração a algo invisível, não palpável, escondido entre a bruma da duvida e da ausência de suporte físico, quando durante a vida, e esta sim física e material, somos confrontados com pessoas incríveis, com uma redacção de vida sumarenta, substancial quase em demasia, onde podemos beber sabedoria e estreitar laços de amizade e amor e darmos um colorido mais garrido e perceptível. Cada pedaço que absorvemos de cada pessoa, situação ou sensação que experimentamos, vivemos ou conhecemos, é uma aprendizagem para que no futuro nos possamos tornar um ser humano melhor naquilo a que se chama de interacção entre as pessoas na sua vertente pessoal e profissional. Durante séculos houve um bloqueio total na mente da sociedade, enclausurando o pensamento numa jaula viscosa, fria, escura e assombrada de uma ideia fixa e imutável de que para sermos correctos e nos identificar-nos como um dos demais, temos que crer cegamente num conceito, numa ideia absurda de escravidão ao velho estilo dos sultões árabes. Sou um anti-clerical assumido, mas nem é dessa condição que advém este ponto de vista, é talvez da paixão que tenho pela liberdade de pensamento, total carta branca para construção de teorias e mentalidades dispersas que quando conjugadas entre si podem dar um fruto: Entendimento entre partes distintas que resulta num esforço mútuo para mudar o que está errado, a escravidão espiritual e cognitiva do homem ao longo do desenvolvimento do planeta como habitável.
Não acreditar não é um eufemismo de moribundo, é uma condição como tantas outras, mas que não me coíbe de respeitar quem acredita, só tento captar o nocivo dessa questão e tentar tratá-lo com a ajuda do meu parecer. A chave mestra da coexistência humana não está numa uniformização do carácter de cada um , está na junção orgânica e ideológica de cada parecer, formando uma teoria magna, com vários afluentes mas apenas com um fim: A harmonia entre opiniões diversas!

Um obrigado a todo!

terça-feira, 3 de abril de 2012

Numa duna..

Numa duma nada se coaduna
vivo periclitante com fortes dores na coluna
surda dor que me agonia dias a fio
tento atenuá-la expondo-me ao gélido frio
levo comigo um papel e uma caneta azul
tento descrever o país de norte a sul
inspiro-me com a genuinidade que trás os montes
de lá vem a magia e pureza que se retrata nos contos
nostalgia dos tempos de menino na aldeia
toda a gente junta à mesa na hora da ceia
agora só vejo pessoas com os olhos vidrados
coração petrificado e por fantasmas acossados
humanidade vive ensombrada por uma maleita
criada por uma bruxa pelos demónios eleita
tudo se evapora num milésimo de segundo
profundo e do escuro oriundo, é algo de outro mundo..
submundo infestado de feitiços sórdidos
vozes de vultos anunciam desastres em apoteose
mórbidos esqueletos decoram entradas de casas
filmes pornográficos são elaborados em mentes devassas
gráficos alegóricos são banidos de circulação
imolação é a redenção para quem resiste à maldição..
excisão de crença pratica-se em tendas no deserto
mutilação espiritual está cada vez mais perto..
estou assustado! Presencio cenas que nunca vi!
filme da destruição humana, num cinema perto de si!

sexta-feira, 30 de março de 2012

A Diferença

Numa era em que a paciência e a sensibilidade artística se esvai como nevoeiro no orvalho matinal, sobrevivem de modo agreste alguns pontos de luz neste breu espesso que se acumula nos céus que nos cobrem!
O secar das fontes de inspiração na alma de muita gente enegreceu o seu espírito, tornando as pessoas mais frias, insensíveis, assassinais, totais responsáveis pelo descalabro social, cultural e anímico a que assistimos de pés e mãos atadas como sessões de tortura.
É de uma covardia absurda por parte de alguns, e repito, alguns membros da comunicação social culpar a crise pelo enlamear constante do quotidiano de cada um, quando o problema é fundamentalmente de mentalidade e urge de maneira iminente uma mudança no modo comportamental da sociedade em que estamos inseridos!
Não é a crise que conduz a uma selvajaria caótica que diariamente é relatada em forma quase de poesia bélica nos noticiários por este país fora, tudo advém de uma educação deficiente, com clamorosas falhas que não são devidamente colmatadas durante o crescimento, e que chegado à idade adulta dão aso a atitudes e acções como violações, roubos, homicídios, burlas, sequestros, toda uma vasta panóplia de delitos que ajudam a enrijar a teia do crime, que já cobre uma franja significativa dos jovens e adultos deste burgo.
A crise na minha humilde opinião não é mais do que um lobby jornalístico, um bode expiatório que serviu como uma luva para engrandecer a estupidez e a fragilidade de um povo que nunca valorizou aquilo que era nacional, perdendo-se de amores pelos estrangeirismos, criando um vazio dentro da sua nação e tudo aquilo que é produto nacional de toda e qualquer índole. Somos usados como fantoches, marionetas controladas à distância por manipuladores de excelência, que sentados a seu belo prazer na sua confortável cadeira do parlamento, qual café qual quê, mandam e desmandam tudo o que dizemos, fazemos, pensamos e contestámos.
Usemos a arte como instrumento para abrir mentes como médicos egípcios, lavar as impurezas que lá moram e medicar o cérebro, doente por tanta bactéria informativa ter desregulado o seu campo de imunidade e ter rompido as defesas que tantos anos demorou a erguer e solidificar! Nós não estamos em crise, a crise é um diagnóstico mal tirado a uma patologia neural e física que não é mais de que a incapacidade de fazer a diferença para melhor. Porque a mudança é pura e simplesmente isso, fazer a diferença! Mudar, melhorar, querer algo melhor do que a realidade tacanha, tímida e fechada numa jaula onde é só podridão e paralelismo entre o medo e a ignorância!

Sejam diferentes, sejam melhores!

Rui Castro!

quinta-feira, 29 de março de 2012

Triste Fado.

Nunca fui um poeta nem trovador
não distingo entre alegria ou a dor
que serei eu então? Um resto da sociedade?
um lixo deixado na porta de um qualquer
magnata ignorante? Estandarte de uma geração
perdida na bruma do tempo? Contratempo
de quem refunde a verdade ao povo
revoltoso ?

Colérico fico quando fico à parte
da revolução fracassada destes
agitadores vãos e sem qualquer
substância, ânsia têm de mostrar trabalho,
baralho cartas num café, sem fé, lendo
um jornal, expresso de mentiras e calúnias..
Deus existe apenas um, mas nem esse vejo,
beijo uma mulher sem valores, alma com bolores,
corpo com dores, amores? Nunca, é acidez tipo
absinto e rum!

Bêbado, drogado, prostituto e
corrupto? Talvez, um de cada vez, já vês
eles passarem na rua, nua e crua, insinua que
lá vivas como um perdido, inapto,
a um canto, num pranto, chorando o fado
que te calhou ao nascer nesta pérfida pátria..
pálida tez culmina com um desmaio leve e
suave...
Duas da manha és sangue, lágrimas e vómito
indómito espírito, sem mão ou rota,  rumo definido
deixado solto numa selva sem salvação..
o vício foi a única solução...
olhos já reviram de sofrimento..
álcool em ebulição...

Jogo de palavras!

Sinto a essência que me envolve
num eloquente elevar até ao cume
da questão, estão atentos aqueles tudo
tentam para nos dividir, promiscuir
iludir neste pano preto, obscuro, onde
nada é concreto.
tenhamos dó daqueles que nos
desviam levemente do nosso objectivo
proeminente..
premente produto onde primo
pela paixão ou acção, metaforizo
ironizo um assunto no qual pesquiso..
por falta de informação neste mundo
fechado e escuro, onde o puro e duro
é tão refundido como os fundos de um
tasco..
frasco aberto como caixa de pandora
agora viajo no tempo que ignora quem o
controla, na sua mania se imola e de
tristeza assola quem lá pisa...
concisa forma de redigir em pleno
século vinte e um, um a um, fui matando
os problemas silenciosamente como
um espião que só age com a mente..
sinto o teu perfume como um sinal
astronómico, cósmico, bucólico,
melancólico, para muitos agressivo
para outros folclórico, nutrição devidamente
racionada devido ao excessivo teor calórico...
trago palavras como proteínas, metáforas como
vitaminas, frases como lâminas afiadas...
não faço poesia, activo rimas assassinas!

domingo, 25 de março de 2012

Inacabado!

Inacabado?
Sim, é como me sinto..
inacabado!
Cru e sem tempero possível
é impossível deter esta falta de trago..
trago comigo só versos e prosas
esqueci-me das rosas...
chove gnose a cântaros nesta rua..
nua e sem vestes o meu coração roda
neste triângulo enlouquecido...
cuspo vocábulos secos e sem aroma
plataforma escura e de índole terrorífica ...
empirismo engoliu-me numa noite de
breu denso..
intenso sinto sem cinto, pressinto
com afinco, eu vinco que prezo pelo
pensamento que me transmite aquilo de que
preciso...
ironizo quando ouço mentiras vindas
de vozes distorcidas...
inacabadas como projectos abandonados
prossigo na minha luta, labuta, escuta e recruta
as tuas ideias...
alcateias de rimas vagabundeiam na minha mente
eternamente ostracizado ...
sabem como me sinto?
Sinto-me Inacabado!

quinta-feira, 22 de março de 2012

Medo

Um castelo arruinado que vive de lembranças..
lá se passaram tristezas, alegrias e festanças..
espelhos ensombrados por rostos lívidos
crianças brincam com espíritos tímidos..
lareiras apagam-se num repente instante
ouve-se num berro agudo num universo distante
proeminente medo que cresce de dia para dia
uma luz avermelhada de um candeeiro velho irradia
frase aparecem escritas em paredes de cal
quadros mostram homens com olhos cheios de mal
convulsões e vómitos afectam o casal que lá mora
tremor indómito projecta-se de dentro para fora
durante anos espectros e alucinações foram visitas regulares
assombrando pessoas com dizeres de profecias milenares
tenham medo!

Sangue escorre do corrimão como um riacho
leito espesso que traz células terríveis por lá baixo
fedor a medo irrompe pelas narinas de quem lá entra
a faca da agonia sem medo o teu peito esventra
evito pensar nas horas de sofrimento que lá passei
sem dó nem piedade, susto e loucura lá passeei
como um ser eunuco de vida e sensações
varreram-me a alma com a velocidade de tufões 
olhar vago, sem expressão ou brilho
a estrada das trevas? É este o nosso trilho!

Tenham medo, tenham receio...
temam tudo aquilo em que acreditam..
porque a nossa mente é um quarto escuro..
e num quarto escuro... 
nem a máxima luz subsiste...

O medo conduz ao controlo, e nós minha gente, somos alimentados
a medo!

segunda-feira, 19 de março de 2012

Vazio

Sinto-me vazio..
de tristezas, agonias, lágrimas, ideias
macabras, malícia, carros da polícia,
macas de hospital...
fundamental acreditar que a luz ainda advém
daquele esforço dantesco que pusemos
em prol do nosso futuro..
puro e duro na escrita que encripta códigos
pródigos, alinhados numa sequência de eloquência
demência lírica, satírica, empírica, nada cínica,
só para adocicar a componente anímica como
um preparado de moral e confiança tal e qual
composição química...
Esvoaço mentalmente nestes segundos em que levito
acredito e recito esta poesia de granito, repito
quantas vezes preciso que sou conciso, profetizo
e ironizo quando alguém diz "eu piso", pisas nada
está calada, cresce e amadurece, deixa de ser fada
neste mundo de bruxas, sujas, puxas do feitiço
não te acredites que a magia resolve, neste mundo
cortiço, isto não é algodão, é escrita de puro aço maciço!

domingo, 18 de março de 2012

Rock e Prosa!

Estou farto de luzes com som e bebidas
putos armados em ursos e crianças despidas..
hoje libertei-me dessa jaula indecente
li um livro e ouvi um álbum...
Jim Morrison a vaguear no meu quarto
em espectro que viaja nas ondas sonoras..
leitura era sobre a Mossad, agência secreta..
secretismo nesta combinação tão inusitada..
iluminada..
apropriada para afogar mágoas antigas
absorvo a voz imperial deste mito
repito vezes conta as suas frases na minha
mente..
alivio ao saber que a cultura ainda subsiste
existe por detrás do pano preto
da artificialidade...
rock e prosa unidos no espinhos
de uma rosa.....
grossa e nossa esta fossa onde vivemos
crescemos e morremos
lamento a minha falta de educação...
mas sou mais um vira-lata neste
mundo cão!

sábado, 17 de março de 2012

Luz.

Ao sabor do vento
leio um livro intensamente
sem evento ou compromisso
enfeitiço-me na magia de cada
palavra...
macabra babilónia que me consome
o espírito, empírico caminho que atravesso
pulando barreiras impostas pelo sistema..
cada capítulo me traz uma elevação..
levitação mental do pólo direito
do cérebro..
navego nas águas do saber
no oculto tento deambular sem destino
livre arbítrio onde caminho aos tombos
sem rumo ou motivo..
frívolo fado que me enfurece...
a quem não tem luz na vida...
é  isto que acontece....

sábado, 10 de março de 2012

A Carta

A carta....
... Aquela carta que te escrevi num
dia de solidão, naquele dia em que o sol
fervia e me batia rebelde na minha
janela envidraçada...

Falei da minha vida...
das saudades que sentia por causa
dos três anos de tua ausência..
do meu trabalho, da minha escrita
erudita e explícita que conta tudo
o que sente...

A tinta fluía na carta calmamente...
naquela tarde primaveril que refrescada
era com um brisa marítima ... legítima ambição
tinha de te abraçar..mas era tão longínqua a sensação
que a concretização se tornou um Oásis apenas
desenhado a lápis....

A carta foi isso mesmo..
um dizer de várias coisas e um
ocultar de outras tantas...
o amor que nos unia foi a
ferida que fez sangrar esta pobre alma
sem calma...
esta paixão de dor farta...
farta de tudo...
farta da saudade... da saudade
da carta!

Fim dos Tempos..

Mítico sítio que me viu nascer
duma semente negra florescer
grogue destino que me atraiçoou
quando lutei como um guerreiro
nas diabólicas encostas ...
dói-me as costas, dor aguda
que não ajuda...

Neste período agreste onde a neve
e chuva são o prenúncio da escalada
de violência que vai assolar
esta terra que tanto embelezei
com frases de Confúcio..

Abomino esta onda negra
que reveste os céus..

Breu denso onde penso que
é extenso o ideal de querer ser feliz nesta
terra de ilusões, desilusões, vendilhões,
alçapões que te transportam para
o chão mais imundo deste mundo
que vive em vão..

Numa gravura desenho a face
do desespero, espero que alguém me
resgate deste apocalipse..eclipse lunar
atrai criaturas demoníacas, maníacas e
desumanas, profanas num desejo titânico
satânico de ceifar vidas humanas, num ápice
sem óbice, a destruição é célere, a cólera escorre-me
nas veias tensas e efervescentes...

Sejam bem vindos ao fim da babilónia..
ao fim dos tempos.. aqui? Não há lugar
para descendentes!

quinta-feira, 8 de março de 2012

Rua

Sinto a brisa mas deixo-a ir...
recebo o teu braço mas não me aquece..
esquece que eu existo
enquanto isso eu tento, eu subsisto..
quando me visto ou me cultivo
sinto este calor tão frio para mim..
nem jasmim nem mentol...
um amargo sabor que me invade
sinto-me tão bem debaixo do lençol...
sem problemas ou charadas
quezílias ou conflitos
vejo viciados aflitos nas ruas
amarguras destes homens perdidos
tristezas nuas que não se vestem
revestem meninas nuas que não
despem..
a nudez é outra
nesta era louca..
é mais frágil...
é uma nudez integral
espiritual...!

domingo, 4 de março de 2012

Poesia de rua..

Uma porta fechada
um jardim escondido
um pássaro calado
num suspiro sentido
um sol fascinante que
ofusca o breu denso
espesso mal que cobre
esta felicidade galopante..

Insolvência declaro
quando o meu amor esgota
para mim torna-se claro
que a desilusão é poliglota
ataca dos dois flancos
sem aviso prévio
vejo reformados em bancos
que ainda pensam no Eusébio..

Na Amália ou no Variações
nostalgia é tramada
a vida dá várias lições
de uma forma alicerçada
reavivo Pessoa em cada verso
linha a linha com delicadeza
sempre sagaz e controverso
tentando usar a subtileza...

quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Serra!

Sentado no penhasco, olho para a lagoa
tento dissecar algo que me magoa
sinto asco de quem me tenta travar
neste jogo onde só quero ganhar
barras sem fim eclodem na minha cabeça
mente fervilha como lava acesa
tento dissuadir-me a lutar por ela
ela que é tanto má e tanto bela
mas que traz inferno e confusão
mas também amor e ilusão
não tenho bola de cristal
para antever o crucial
fazer previsões tão precisas
como decisões e premissas
vagabundeio pelos trilhos desta serra
calcorreio e sinto o cheiro desta terra
das árvores e das folhas verdes e viçosas
sinto frio gélido em correntes de ar nervosas
ao fundo ouço o barulho de um corvo
neste cenário natural sinto-me um estorvo
acaricio um pinheiro e fico em transe
a minha conexão com a natureza já parece romance!

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

O Cientista!

Um cientista louco deambula no seu laboratório
enlouquecido pelas recentes experiências
confundindo o material com o ilusório
quando recorda as suas más vivências
mistura químicos entre si em constante transe
psicadélico como as luzes desta sala
em cada frase coloca doentio ênfase
cheiro é nauseabundo e nojento nesta ala
aberrações adornam a decoração das paredes
sujas de sangue e pedaços de tecido adiposo
pregados lá tem cabeças de burro e peixes na rede
cenário dantesco teste intelectual horroroso
...sinto medo!
Da paixão escura deste homem
de magia e ciência numa mescla
tentava pela frincha da mente olhar mais além
mas o cientista louco tocava sempre a mesma tecla
invenções que não lembram ao diabos
diabruras próprias de quem não regula
...noite e dia este homem faz fantasias
heresias e maluqueiras da pior espécie..
frigorífico com prateleiras sujas e vazias
livros e revistas anunciando a intempérie
.... vinda do glaciar que degela ao ritmo da musica
que se ouve no seu rádio envelhecido.
que transmite uma ressonância acústica.
para este ouvido de tanto barulho ressequido ...
...fecha-se a persiana ...
o gato anoréctico desfila na sala
a mente torna-se profana...
enviam-se experiências falhadas para uma vala...

sábado, 25 de fevereiro de 2012

Aeris: A Rainha do amor!

Era uma vez uma história escrita com o sangue de quem a vive, forjada das furnas incandescentes das catacumbas do mundo.

Nas terras inóspitas do Golfo Pérsico, um homem trabalha de sol a sol, envolto numa escravidão desumana que esgota as potencialidades e reservas de energia do corpo. Esse homem chama-se Chamah, libanês de origem foi  comprado em troca de camelos para erguer o palácio real do sheik do Golfo Pérsico, Abdel. Durante 1 ano trabalhou só com direito a água e pão, totalmente racionalizados entre ele e os cerca de 200 escravos que labutavam chicoteados por capatazes insensíveis e viscerais, não tolerando qualquer veleidade ou contemporização no trabalho. Durante o dia de folga que tinham quando os capatazes assim o entendiam, Chamah, aproveitou para passear na capital da Arábia Saudita, Riade. A Arábia Saudita é um dos países que integra o Golfo. Naquelas ruas tão movimentadas, Chamah, homem reservado, de tez morena, olhos esverdeados, cabelo despenteado e uma magreza que impressionava só de olhar, sentia-se um moribundo, deambulando por entre aquelas tendas de mil e uma vendas, desde galinhas, legumes, bugigangas, artesanato rural e camelos e afins, numa barulheira ensurdecedora que enchia a sua cabeça de dores entre regates e discussões intermináveis. Ao dobrar uma esquina, Chamah, como se de uma aparição se tratasse vê de relance uma menina lindíssima, morena, de longos caracóis acastanhados, lábios carnudos e uma sensualidade corporal que enfeitiçava tudo e todos com o seu jeito de menina rebelde, traquinice e inocência num cocktail que despertava as emoções mais arrebatadoras em Chamah. Chamah correu em sua direcção enfeitiçado pela magia rebelde que esta jovem emanava, Aeris era o seu nome, Chamah corria, corria e quando finalmente alcançou Aeris, seus olhares tocaram-se, como uma alquimia efervescente que derretia os seus corações. Ficaram paralisados, estáticos, durante meia hora. Chamah desbloqueou o gelo entre os dois dizendo " Aeris, és .... linda!", seus olhos brilharam como diamantes puros, a circulação sanguínea aumentou de velocidade vertiginosamente, explosão de sentimentos em forma de palavras, Aeris soltou um " obrigado.." tímido e fugiu...

Chamah foi de coração partido para a sua casa, onde pernoitava para depois às 7 horas da manha ir trabalhar na construção do palácio do Sheik Saudita, desumano encargo que foi obrigado a aceitar sob pena de ser degolado. Numa tarde de intensíssimo labor, o suor escorria vertical na face de Chamah, as mãos tremiam de sofrimento e desgaste. Num instante, os olhos de Chamah quase se extasiam de surpresa, quando viu Aeris com o traje de esposa do Sheik, a rapariga fascinante que tinha visto nas ruas pérfidas de Riade na sua folga, aquela beleza exótica e que cegava o mais vistoso olho, era nada mais nada menos do que a esposa do poderoso e omnipotente Sheik,  Chamah foi para casa com as lágrimas dançando nos seus traços faciais, tal era a decepção e tristeza que invadia ferozmente o coração desolado destes libanês amargurado.
Chamah revolveu-se em teorias, envolveu-se em esquemas megalómanos para voltar a falar com a sua musa, mas tal realidade era utópica dada a importância quase absoluta de Aeris, dona e senhora do coração do tirano Sheik.
Chamah traçou um plano que pela sua constituição era, e utilizo aqui um eufemismo, suicida! Consistia no facto de raptar Aeris e confessar olhos nos olhos a sua paixão, fugindo com ela para o Líbano..
Mas... como passar pela disciplinada, eficaz e sangrenta força de segurança privada de sua alteza?
Num dia tristonho, céu encoberto e uma humidade brutal, um calor abafado que dificultava a respiração, Chamah, vestiu-se de mendigo e passou despercebido à segurança, infiltrando-se nos aposentos do palácio, deparou-se com Aeris, era o momento ideal, Sheik estava fora em negócios, Chamah foi pé ante pé, silencioso como um gato, atento como uma raposa, e ao entrar no quarto de Aeris, despiu o disfarce e Aeris ficou petrificada,  reconheceu os verdes olhos que a encantaram naquele fortuito encontro numa esquina na baixa de Riade.
Chamah perdeu a vergonha e desafiou Aeris para fugir consigo para o Líbano, Aeris num esgar de felicidade, sorriu e pegou no que tinha perto de si, roupas, acessórios, valores entre outros artefactos, e com Chamah devidamente disfarçado saíram por uma porta secreta, só conhecida pelos altos cargos do poder. Fugiram a passo largo, ainda deslumbrados por esta paixão louca. Num laivo de sinceridade Aeris confessou que era libanesa de nascimento, mas foi seduzida pelo Sheik, aquando menor de idade sob promessa de que viveria num paraíso de alegria, amor e solidariedade, mas cedo percebeu que era tudo parte de uma densa fachada onde só a imagem de perfeição amorosa e social importava perante os súbditos . Chegado o Sheik ao palácio que estava no final da sua construção, dá pela falta de vulto de Aeris, uma beleza tão marcante não passa despercebida, perguntou aos capatazes, empregados, escravos e ninguém sabia de Aeris. Surpreso e atónico ficou quando um dos capatazes informou que Chamah teria desaparecido no mesmo espaço de tempo que a esbelta Aeris. Sheik cegou de raiva e fúria, incendiou de cólera, ordenou um exército de mercenários pagos a peso de ouro, para descobrirem Aeris e Chamah.

Estes estavam já a ultrapassar a fronteira para o Líbano, quando numa emboscada, são interpelados por mercenários sauditas mandatados pelo Sheik. Estavam numa situação de risco máximo, mas Aeris tentou ludibriar os mercenários, dizendo que não fugira, tratava-se apenas de um retiro com o seu irmão, (ajudou o facto de Chamah ser igualmente libanês) para perto da sua família, visitando seus entes queridos, que já não via à mais de quatro anos. Dado poder persuasivo de Aeris, mercenários foram dissuadidos, continuando a busca por outro lado, enquanto o casal fugitivo já se encontrava dentro do país de nascimento.
As juras eram eternas, cupido tinha atirado a flecha mais aguçada de amor e união neste casal com tantas diferenças sociais, uma diferença abissal que o amor ajudava a diluir em si mesmo.

Foram passando horas, dias, semanas, meses e nenhum sinal tanto de Aeris como de Chamah, Sheik gastou rios de dinheiro, quantias incalculáveis na busca dos dois. Fazendo autênticos banhos de sangue nas comunidades libanesas situadas na Arábia Saudita, desesperado e toldado pela traição da esposa e do escravo, fazendo-o pagar por anos e anos de tirania sem dó nem piedade, tratando seus empregados como a mais reles coisa à face deste mundo. Aeris quando chegou ao Líbano, escreveu um papiro, com uma curta mensagem para o Sheik.

Que dizia : " Abdel, estou no Líbano, fugi da tua cegueira pela fortuna, da frieza do teu coração, da falta de sabor dos teus lábios, do vazio das tuas palavras e do sangue dos teus actos, quero ser livre, amada, respeitada, valorizada e não um objecto estático cuja única utilização era fazer boa companhia e subir o ego da tua imagem perante o teu povo, amor não são rubis, safiras, esmeraldas, ouro ou prata, Não! Amor é carinho, valor, partilha e coexistência. Não me procures... Aeris"

Chamah arranjou um rapaz para levar a mensagem até ao palácio do Sheik, passado 3 dias e 3 noites lá chegou, deixou a mensagem num dos capatazes e saiu fugindo, velocíssimo, não fosse ficar lá a trabalhar naquela podre e abominável escravidão! Quando Abdel, o Sheik leu a carta redigida por Aeris, sua pele esbranquiçou, a tez ficou pálida, lívida, sem expressão, numa quase paralisia corporal, soltando depois berros hediondos contra Aeris e Chamah..
Enlouqueceu num ápice, torturou todos os libaneses que encontrava no seu burgo, tentava sacar informações à força, mas maioria deles sucumbia por falta delas, dada a sorrateira forma como fugiram a ex-amada e o ex-escravo deste poderoso mas transtornado homem. Durante anos espalhou pela cidade uma onda de carnificina totalmente horrorosa, mas sem efeitos práticos, visto que Aeris e Chamah já estavam estabelecidos no Líbano.

Passados 4 anos, Sheik deu os primeiros e sérios sinais de doença crónica, esquizofrenia, que lhe causava bastantes problemas e aliada e outras complicações do foro físico lhe incapacitavam em muito a sua total disponibilidade de governar a seu bel-prazer, já se apoiava nos assessores, conselheiros, alguns de duvidosa confiança e passado nem um mês, o Sheik faleceu, vítima de paragem cardíaca provocada por uma arritmia que lhe alterou e acelerou o batimento cardíaco. A notícia correu que nem uma flecha, atravessou fronteiras, chegando até o Líbano, onde Chamah e Aeris viviam já totalmente em paz, nascidos dois filhos, uma menina e um menino. Chamah ao saber, informou a mulher, que gostaria de assumir o trono, dado que Aeris ainda conservava em si o rótulo de rainha, fugida, mas rainha! Puseram pés ao caminho, dias e noites de travessia no deserto, até chegarem ao palácio majestoso, totalmente completo, edificado sobre a zona mais magnífica da inusitada e mítica Riade.  Aeris entrou no palácio, retirou o disfarce e gritou bem alto :

" Neste momento, acabou a escravidão, sofrimento, desolação e sobrevivência. Eu, Rainha Aeris de Riade, proclamo Rei Chamah meu esposo e juntos criaremos uma ordem de solidariedade, ajuda, interacção entre cada elemento da hierarquia saudita. Os tempos negros e densamente povoados de dúvidas, medos e angústias do reinado de Abdel, Sheik e senhor destas terras durante 3 décadas. A quem me procurou e matou para me encontrar, cá estou eu, senhora e dona de Riade!"

Estupefacção!! Foi como um golpe do destino, de duas pessoas que num relance atearam um amor que queimou barreiras e fronteiras, furando dogmas e preconceitos de estatuto social, acabando com décadas a fio de dor, tortura, fome e violação dos direitos humanos, para dar entrar a uma nova era, à era da compreensão, da entreajuda ! As tropas aliadas ao Sheik Abdel, tentaram chacinar Aeris durante anos, esvaziando recursos e esgotando reservas de armas e ouro, estando falidas e sem armamento, jogando com o medo que impuseram na população!O que restava de dinheiro foi usado para salvar o povo da fome e da peste que se abatia sobre si, evitando milhares de mortes, numa tragédia que iria roçar o bélico.

Aeris tornou-se heroína do País! Chamah um quase Deus, que apareceu qual profeta e devolveu a alegria e esperança aos descrentes que deambulavam quase em espectros pelas vielas desta capital!É esta a história de um amor clandestino, que como um maremoto varreu poder, estatuto e medo, para vencer e o querer e  a paixão trouxe a eloquência de que são feitas as grandes histórias!

Quando há paixão de verdade , o amor vence!


Não pensem que isto fica por aqui..

Continua.....

Aguardem...


quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Numa lagoa.

Na tristeza de um olhar decifro a mágoa
as lágrimas derramadas na margem de uma lagoa
desagua numa foz paradisíaca e sem fim
onde só a alma tem valor nem ouro nem marfim
esqueço tudo o que me faz mal
relembro as vitórias e conquistas no temporal
o ego sobe ponderado e sem velocidade
não tenho a chama da minha mocidade
junto-me aos meus amigos
novos e mais antigos
e lembro o sorriso dos que estão no jazigo
escrevo poemas sobre celeumas
problemas e esquemas que vejo nesta
terra cheias de rosas e açucenas...
não quero fama nem luzes nem entrevistas
quero abraços sinceros e fortes
...  apenas ...

terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Literalmente

Literalmente a mente é permanente
normalmente leio um livro, poesia ou romance
balanço na cadeira tanta é a explosão de sentimentos
sem lamentos, só sinto o quão é grande a dádiva de
viver num mundo de letras, para continuar a sê-lo
eu até dava a vida..
Punha a vida em cheque mas sem preço
apreço tenho pela cultura e nela permaneço
de forma prevenida.
madrugada fora faço poemas e histórias
relembro problemas e memórias do fundo
do baú, não tenho pudor na alma porque
o meu espírito está nu
como veio ao mundo,deixei de ser imundo
envolto em psicose..
busco a gnose num périplo sem fim
dou cem voltas sem fim ao fundo do meu
coração...
em busca da eterna ascensão
até ao conhecimento interior e coexistência
perfeita, equilíbrio entre corpo e alma...



sábado, 18 de fevereiro de 2012

Apocalipse!

Druidas evocam maldições 
prendem bestas em profundos alçapões
caixões são quartos para vampiros
assassinos em rituais e dizeres satíricos
empírico pensamento flui na minha caneta
fechado nas catacumbas sem água ou luz
a escuridão me seduz sem qualquer mágoa
numa aguarela renascentista tento pintar
o futuro do planeta...
toca a bombo que assinala o início 
da guerra entre homens e mutantes...
protestantes invadem mesquitas e igrejas
sedentos de vingança,...
Invejas cegam a consciência da sociedade
de tochas na mão incendeiam florestas e 
castelos...
violoncelos são a banda sonora da 
hecatombe que se avizinha..
corvos pairam no céu inquietos e 
amedrontados ...
fechem-se em casa, apaguem a luz
tapem as janelas...
acendam apenas velas...
vão ser lançados os dados!

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Metáfora intensa!

Degrau a degrau...
devagarinho sem pressas
com esperança às remessas ..
neste mundo nem tudo é mau..
curto até não poder com a minha gente..
que me apoia nesta luta pelo meu sonho
tristonho ando quando desacredito
mas com o vosso carinho sou duro
como o granito que reveste o meu corpo
filantropo com quem amo de verdade
covarde quem tenta matar a minha
ambição que coage irmãmente com a
humildade que carrego no meio leito..
.... distribuo cultura nas diversas vertentes
cerro os dentes lutando por aquilo
que entendo merecer por legitimidade...
acordado até altas horas redigindo
o dia a dia do inferno ....
interno circuito que corre intenso
no meu organismo...
metabolismo em forma de palavras
custo vocábulos incandescentes com
metáforas macabras!

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Eu sou!

Eu sou..
Vulto assombroso que te persegue
que se ergue perante a tua arrogância
preponderância no teu estado anímico
psíquico temor que floresce como rosas..

Eu sou...
Besta enjaulada que anseia a morte
sorte negra que te sai na tua carta
farta ceia de ilusões e reacções nervosas
ataco o teu flanco com demónios de grande porte..

Eu sou...
Leopardo amaldiçoado que trepa até ao eterno
aceno à desgraça em tom de ironia
luz que alumia enquanto bebo da taça o elixir da vida
sina lida numa sessão de quiromancia

Eu sou..
Constituição física do demónio
idóneo escritor que narra o Apocalipse
soldado contra acéfalos que me barram as soluções
turbilhão de emoções que diluem ideais supérfluos!

Se...

Se tenho talento? Há quem diga
isto irriga o meu ser
pondo-o a ferver numa erupção doida
fluída ânsia de subir até ao trono
sinto-me perdido num espaço amplo
como um cachorro sem dono
tento redefinir o meu caminho
titubeante por vezes até encontrar
quem me dê carinho
atenção, simpatia, amor e alegria
e me faça sair de vez desta letargia
me faça abrir horizontes e rasgar barreiras
saltar eiras e cumprir o meu desígnio
abraçar a liberdade de espírito e viver
a vida num livre escrutínio
sem amarras ou algemas de culpas
sem preconceitos ou multas
quero ser livre e viver com asas como
um anjo alado
sou a luz da esperança neste mundo
assombrado!

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Realidade

Conteúdo explícito, ilícito
nas minhas rimas implícito, sempre real
meu irmão, não me dou com material
fictício, apoio fundamental da minha gente
que me é crucial, sempre vertical na abordagem
de margem a margem sem pensar na vertigem
clivagem desnecessária, tento reagrupar as tropas
num gesto subtil, topas? Não gosto de grandes
alaridos, prefiro fechar-me em copas.
Comício de ideias em alcateias de lobos
famintos, pensamentos sucintos eu pinto
na tela onde sinto chamamento da viela
onde caminho titubeante apenas alumiado
por uma vela...Tenho medo!
Do degredo que envolve esta aldeia
em segredo, homens e mulheres giram
como peões sem rota em busca de algum
emprego, bocas para alimentar já passaram
as duas unidades em casa, vaza a maré de
soluções e posses monetárias, as implicações
são várias, gripes e tosses afectam os pequenos,
mas à muito que já foram os anéis e
fracos já são os dedos, resta o veneno que
escorre fluído na veia de tanto vulto, oculto
ligação directa da rua para o sepulcro...

Volta

Volta!
Como se nunca tivesses ido
Revolta quando sinto que te perdi
Revolvi em mim o amor que pensava extinto
Volta!
Vício que me prende como algemas em
forma de sentimento
Quero voltar a passar por essa porta
Encontrar o teu sorriso e relembrar
O sabor exótico dos teus lábios
Abraça-me com a força do destino
Que eu farei de ti feliz como sonhei
Em pequenino!

domingo, 12 de fevereiro de 2012

Desliguei..

Desliguei a maquina que me mantinha vivo
esgotado de ser esfaqueado por este anjo altivo
neste mundo cínico onde me sinto um deslocado
num passeio pela rua só vejo escombros e descalabro
numa hecatombe brutal que só agora saiu do armário
endividados de tal forma que até a morte tem tarifário
pessoas roubam para comer e alimentar suas crias
que choram de fome de olhos vãos e barrigas vazias
armas são usadas como se fossem objectos inofensivos
putos de treze e catorze anos já são caçadores furtivos
nas vielas deste bairro onde não à luz nem água potável
a dor na alma é gigantesca e o ódio é renovável
como uma reciclada fonte de mau olhado e desespero
adultos pré-fabricados alimentados a droga e medo
suspiro durante minutos sem fim por uma revolução nas ruas
onde se vendem narcóticos ao acessível preço da chuva
que me molha enquanto visiono a mortificação de amigos meus
coerentes toda a vida onde sempre fizeram papel de réus
recolho-me aos aposentos totalmente encharcado em dúvidas
mas afastado por agora destas sombrias ruas dúbias..

sábado, 11 de fevereiro de 2012

Noites

Saídas à noite, amigos e luzes
sessões descontraídas, não quero que abuses
espírito uno até ao nascer do sol...
ajuda e apoio, toda a noite em nossa prol
silhuetas e decotes colorem a pista..
apelo garrido para a mais inocente vista
colateral efeito que eclipsa a tua sanidade
profundidade reduzida de pensamento, lentidão
alcoolizado, o discurso é caótico
hipnótico bloqueio no organismo afogado
de cerveja, inveja é o sangue que irriga a noite
desde rapazes e raparigas, represálias antigas..
limitações que encurtam a visão, preconceitos..
respeito e educação estão gastos...
agora é só frascos de pó e tinta
distinta era, dispare daquela onde havia pureza
a chama estava acesa, apagou-se com a brisa da mentira
o que antes era safira agora é lata...
lembro-me dessa gente tão expansiva,
agora só vejo uma sociedade compacta!

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Renascido

Renascido do inferno
religuei o circuito interno
de consciência e sapiência
reergui a apetência para tornar
vocábulos numa fórmula alquimica
empírica espécie de poesia que ilumina
a tua viela, tão misteriosa e tão bela
aguarela pintada de vermelho
num traço de sangue e sofrimento
lamento e angustia como uma
cidade tombada...

Vejo homens na lama da gula
como no inferno de Dante
enjaulados na sua culpa que
engole a sua alma, com calma
o diabo tritura as suas vítimas
sugando até ao tutano a substância
inata ânsia de possuir o espírito,
fujo sem olhar para trás,
ao fundo ouço uma rouca voz
tenho cuidado! Não vou na cantiga
Satanás é astuto e veloz!


domingo, 5 de fevereiro de 2012

Branca de neve os sete malefícios!

Não te escondas atrás da roupa ou da vida de galã
há muito mais para lutar para ter um melhor amanha
ter educação, coração ou casa e pão na mesa
é bem mais necessário, disso dou-te a certeza
tentar crescer como pessoa ou profissional em qualquer área
faz de ti melhor pessoa sem uma vida arbitrária
ama a tua mulher e o teus filhos sorridentes e belos
sem divisões ridículas, como partículas, estão juntos como elos
brincadeiras na praia ou na montanha sem tristezas
a felicidade embarga o espírito sem vertigem até as profundezas
o sorriso rasga-te a face e olhos brilham como diamantes
agora pensas saudoso da pureza que sentias dantes
agora é só luzes, bebidas e branca de neve com fartura
para os seus sete anões a vida é sol de pouca dura
a tua casa que julgavas um palácio, agora é um pardieiro
sem comida, sem água, apenas droga e insanidade o dia inteiro
dinheiro transformou-se em miragem num instante
e a ligação com mulher e filhotes foi-se tornando distante
faleceste numa vala com as narinas empoeiradas
olhar vago, pele pálida e pupilas dilatadas
amargo fim para um ser tão criativo e entusiasta
preso na jaula desta substância tão nefasta!

Placenta

Cresci dentro de uma placenta
cheia de licor de magia
bebi de lá insaciável num gole
interminável, bule efervescente repleto
de feitiço saudável.
Dou vida a versos que narram
a morte de outrem,
ensaiam formas de tortura
o odor a cadáver perdura neste
pátio onde estão inscritas
as rábulas paranormais numa
gravura.
Eclipse lunar atrai os lobos e os
corvos, movimentações nocturnas,
ilusões diurnas, ensumação de corpos
em cruzes e furnas, decanto pensamento
em metros cúbicos, os prazeres
da poesia são únicos
Purgatório alquímico
degola o estado anímico e
entorpece o lado físico..
recolho aos aposentos fechado
em mim mesmo, alienado
da realidade bélica, psicadélica
sem ética, poética essência assenta
na alma humana, tantas vezes profana,
neste salão de fantasmas e esqueletos
não existe sorrisos ou amor e uma cabana!

segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Arco-íris

Sou um arco-íris que te fascina
a maresia que te embala neste mar que extasia
sente a minha fluência no teu espírito
eleva-te até ao ponto mais mítico
liberta-te das amarras e torna-te um astro
abre os olhos e vê este éden fantástico
tu és a minha sinopse nesta curta-metragem
vida levada ao segundo onde o erro não tem margem
a felicidade é o objectivo que te alimenta
debaixo da chuva que te inunda nesta tormenta
tu sonhas com cores garridas neste mundo a preto e branco
não sucumbas à inércia como um reformado num banco
sê entusiasta da vida e fura a nostalgia que nos bloqueia
nem cedas ao ódio que durante décadas te incendeia
sorri ao olhar para a cara do teu filho e o seu sorriso inocente
vê-lo crescer gradualmente com a sua mente proeminente
é genial esta cooperação que existe na vida do ser humano
ama o próximo com intensidade até ao cair do pano
quando cair despede-te com dignidade deste mundo digno
fecha os olhos e deixa-te levar pela essência do teu signo
evapora na brisa marítima que te fez embalar
esquece tudo que te fez tanto chorar
agora abre um esgar de alegria
porque o paraíso ainda brilha...

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Noites em Claro.

Passei noites em claro
a escrever rimas sem nexo
algumas saíam bem, é um facto
umas sobre amor outras sobre sexo
sempre com educação e destreza
sentido cívico e muito coração
sempre ciente da pureza
que contém a arte em questão
nunca me vendi a interesses
que banalizassem a poesia
ninguém ouviu as minhas preces
enquanto limava a minha filosofia
circundei desgraças e azares
nesta vida que abracei com força
lutei contra hipocrisia e seus pares
até os levar ao alto da mortal forca
dou graças por tão agraciado dom
que tento melhorar a cada dia
poesia em papel ou cantada num som
que o meu caminho escuro alumia!

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Alquimíca!

Perturbação alquimica
poética e clínica que me leva
á reabilitação anímica,
degenero em vocábulos
empossados pelo demónio
que crescem nas ruas
como lampadas de sódio...
anacrónico modo de relatar
o desmembrar de uma babilónia
afogada na insónia que afecta
a escória que fazem o alerta soar
na campainha do inferno, circuito
interno neste condomínio fechado
de insanidade revestida pela escuridão
do inverno..
Poesia, feitiço milenar que cura
depressões e esfia maleitas
receita ancestral, crucial e triunfal
druídas dão o aval a esta arte
sublime que embeleza textos
sinceros como a neve no Nepal...

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Cripta

Na cripta trancado dias a fio
desafio a lógica e a física num papel
a meu bel prazer testo até á exaustão
milhares de combinações frásicas
kármicas sensações invadem-me o
organismo e aceleram o metabolismo
numa velocidade assustadora,
expressionismo gizado com uma pena
e tinta de sangue, expande-se no meu
hipótalamo uma mancha preta e branca
a minha vida é um tecido de pele sem
pigmentação.
desmembro dogmas e faço jorrar
o bom senso preso em cápsulas
dentro dos seus vasos ideológicos
relógios de cuco dão as horas batendo
o ponteiro num ritmo sádico neste mundo
de barro revestido de luzes negras e
plástico. O olhar de quem me mira
desfaz pirâmides e catapulta a verdade
para a ribalta, o olhar com que eu miro
avista demónios a engolir querubins com
promessas e chantagem, neste mundo
selvagem a mentira vem descrita na
carta da vantagem...

Já são 13 horas, passei dois dias dentro
desta pérfida cave, estou cansado, pálido,
magro como um inválido...
Num repente a minha face expressa
um esgar de angústia, dúvida, tristeza
sombria que ludibria a minha consciência
quando a mente escurece ninguém apela
à ciência...
após meia hora de procura nesta cripa
pura e dura onde a criação perdura,
já passou o mais grave...
após tanta procura, 

já sei da chave!

terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Pensamentos

Sou um poeta numa esquina
de óculo preto e chapéu para esmola
sou um ladrão que tem que dar à sola
eu e a poesia somos um como a nitroglicerina
narcóticos e mortalhas num cartel de luxo
sou um mendigo na viela bêbedo, drogado e sujo
afogado neste país de cabeças limitadas
sou crianças inocentes encarceradas em intifadas
de olhar puro e linfa doente de tanta poeira química
e de coração cansado de tanta gente cínica
sou e serei um eterno jovem de espírito
de valores e princípios graníticos
sem remoção possível ou modificação
envolto em bruxaria eu sou uma alucinação
alusão instantânea contra a infâmia e hipocrisia
fantasia que extasia o teu olhar que tenta
não me deixar brilhar
eu sou uma bola de cristal, vocês
não passam de bolas de bilhar
com números, cores e objectivo nulo
eu sou um insecto venenoso com fluído
contagiante, fujam , está para breve a minha saída
do casulo...
viúva negra o corpo que dá figura a este espectro
fano a vida de quem não dá aso ao respeito
peito aberto contra quem me fura o dorso..
contorço-me com dores físicas na zona cerebral
cuidado! Saturação do globo neural...
hipotálamo armazena conteúdo com substância
filtro o produto fútil...
consumiste? Eu chamo a ambulância
eu sou o anjo que nasceu soterrado por ódio
episódio macabro que abro como cloreto de sódio
o anjo que lutou para sair dessa nuvem de desgraça
abriu a caça, matem a bruxa do gato preto....

domingo, 15 de janeiro de 2012

A dança dos imorais!

Fechado num quarto escuro eu imagino
a realidade da rua crua eu abomino
devoro a escrita como algo afrodisíaco
frases têm duplo significado como fitas do zodíaco
caixões são salas de estar para espíritos amaldiçoados
diabos adormecidos cometem mil pecados
velas iluminam este caminho cheio de minas
em forma de viela com seringas e meninas
turbilhão de flagelos assola o meu ninho
rodeado por fantoches e mesmo assim tão sozinho
venenos e drogas contaminam organismos
provocam dores e vómitos em direcção ao abismo
heroísmo é a sentença de alguns sonhadores
sonham com o paraíso ou uma ilha dos amores
acordam encarcerados em celas e jaulas
com carniceiros e mercenários escutaram aulas
de como ser um ás na arte da imoralidade
rivalidade, a classe maçónica não permite qualquer
equídade...

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

O Dia da Mudança!

09: 45....

Em casa....

Ui? Barulho? Ouço um estrondo!
um berro hediondo vindo da rua
o uivar da revolução no meu ouvido ecoa
calma! Tenho que me munir das melhores armas
mal desço à calçada vejo pilhagens por alimentos e fármacos
forças de segurança ripostam com violência e autoridade
sobre estas pessoas cegas por falsas esperanças de prosperidade
sinto-me confuso...
a mente entra em parafuso neste ângulo obtuso
pensei que o 25 de Abril tivesse caído em desuso
expulso do centro comercial pela policia de intervenção
parto o vidro em sinal de protesto contra a subversão
aversão ao poder instituido pelos senhores das leis
eis que vejo várias raças em desacatos e disturbíos
nos subúrbios, fecharam as rádios, pegaram fogo aos estúdios
catapultaram esta escalada de violência
reclamando o direito à liberdade e à inocência..
governo apanha o vôo para Moscovo à ultima da hora..
sem chefia neste caótico país, como vai ser agora?
o sangue pinta as avenidas de um vermelho enraivecido
ódio fornecido por palavras de ordem e estandartes
com imagens de Salgueiro Maia e Zeca Afonso
encostado a uma parede penso:
como é possível bater tão fundo neste poço?
vejo pessoas que viraram animais, sem valores ou escrupúlos
mestres matam discipúlos com punhais e navalhas,
população vacilou perante um sistema com tantas falhas..
foi o crédito bancário e o aumento do défice,
várias casas com segredos e um ilusório país das maravilhas
sem qualquer tipo de Alice, o saco foi enchendo até rebentar
pelas custuras...
no fim da revolução sangrenta, a minha mente tenta carborar
içar qualquer pensamento à sala dos comandos
vejo rostos brancos, sem expressão, humanidade em aniquilação..
corpos inertes, neste vazio de espírito como um deserto,
tão longe e tão perto do objectivo desta sociedade,
sentir a suprema felicidade...
atingir o nirvana da existência humana...
transumana ideia que corrompeu a espécie e a fez
tombar...
olho para céu e vejo, a viúva negra manda um beijo
na face de Satã,
Senhores sejam bem vindos... ao dia depois de amanhã...

16:34...

Foi o ultimo relato que pude fazer, a eletricidade rebentou, ficamos sem
forma de comunicar...
Fui ferido numa rixa de rua com dicidentes...
Senão enviar mais nenhum relato, já sabe...
Sucumbi a este tubo que tenho a perfurar-me os pulmões..

agora tento fugir.... se eles me apanham...acabou....

16 de Novembro de 2024....


Faço favor..

No segundo em que escrevo
o teu espírito descrevo
decifro o teu sorriso
sobre ele profetizo ou
ironizo e sobre os efeitos
pesquiso quando os sinto
em mim...
jásmin ou rosa de espinhos?
por estes caminhos descubro
o caminho vil para a felicidade,
na cidade a ferro e fogo...
mergulho no silêncio porque
esgotei do barulho, do cimento
destruído e transformado em
poeira e entulho...
agora quero verde, brisa, maresias
e areias, ceias com a minha alma
gémeas, adoro-a com toda a força do
meu ser, sobreviver é o mote,  forte
sou, cristo não me abençoou,
ateu me fiz, tracei meu trajecto a giz..
alguém que me perdoe os erros que fiz
com vinho ou aniz, mas eu sou assim
desde raíz...
se ser fiél a mim mesmo é a matriz..
então, faço favor de ser feliz...!

sábado, 7 de janeiro de 2012

Levanta a cabeça!

Não faças de coitado, coitado de ti
que mendigas para ter amigos, amigo,
no mundo em que estamos, ninguém liga
a mendigos.

Levanta a cabeça e segue a tua
vida de modo digno, luta, procura trabalho e
ganha tino, destino não é explicação para
tudo, se segues mudo, não esperes que
a tua palavra tenha a força de mudar o
mundo.

Se me vês a chorar é de raiva,
esta água salgada que a cara me lava,
é a mesma que te fura a tua hipocrisia
com a ferocidade da lava de um vulcão
em erupção, opção secundária neste jogo
de prioridades, disparidades apresentas
no discurso que destilas fluído, fluídamente
mentiroso, nervoso, tendência abissal
para cair no descuido!


Enchi da tua comiseração,
flagelação e arrogância vinda
e ensinada desde infância, mas vê
agora a descrepância que reina na tua
cúpula, estou esgotado desta magia
artificial, superficial, plastíca e
desorientada de acordo com os
ponteiros da bussúla!

quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

Não me chames...

Não me chames interesseiro, mas eu tou interessado
em ti miúda, dizem que sou claro como água, mas
não lavo roupa suja, sujo papéis com rimas de qualidade
habilidade vinda da placenta da deusa que me deu à luz,
reluz dentro de mim o poema do amor, calor ou frio,
nada para este meu vício, propício, sem ser fictício,
dá-me a tua mão princesa, acesa vela, vela pela alma
que ouse criticar a nossa união celebrada com fogo
de artifício, cada verso é uma dedicatória, oratória
sobre ti, sou anti falsidade e estupidez, um de cada vez
vão sucumbir à minha linha, alinha comigo nesta batalha,
mortalha lisa a palavra é a substância, ânsia de fazer vencer
aquilo que idealizo, poetizo e profetizo, não piso, socializo,
escrevi muitas vezes com lágrimas a cair nas mãos, vão esforço
quando alguns se esforçam o dobro em criticar as págnas, deste
auto, incauto, pauto cada momento com alguma sapiência que
me foi dada durante décadas, bidecano nesta vida onde
miúdas querem o ébano, rosas sem pétalas,  nervosas e
artificialmente belas, embora lamente este panorama,
tudo nos trama, mesmo que troques o teu sangue
pelas mais belas prosas, as venenosas vão fazer fluir
seu fluído veneno, como uma serpente no feno, mas
o mais leve descuído pode levá-los ao alçapão, sem água
ou pão, e aí entro eu, com os olhos ensanguentados, munido
de caneta em forma de arpão, pensaste que tinhas ganho a sorte,
mas enganaste-te no cupão.

domingo, 1 de janeiro de 2012

Poéticamente

A escrita é vista como algo sombrio
onde prevalece a moral e o brio
desmonta a mente como se fosse um lego
mas tento ser muito coração e um bocado menos ego
embelezei as minhas frases com alquimia
apenas sentimento não necessito de rubis e safiras
brilham os olhos de quem lê estas fábulas
espontâneas e precisas sem recorrer a cábulas
num submundo erguido das catacumbas do pensamento
onde tudo é um breu espesso com a dor como isolamento
cinzas e pó é o nosso ultimo estado físico
enquanto somos pele e osso que apuremos o sentido cívico
agucemos a vontade de saber mais sobre o nosso mundo
percorramos milhas e milhas em apenas um segundo
viagem espacial num invólucro espiritual
poesia, a magia da mente em ponto colossal!