Apresentação

Ser humano é medo, é fragilidade, lágrimas e sangue...
sofrimento, agonia, angústia e lamento sem fim...
a mim, a ti, a nós, o medo atacará até perder a voz..
vocês não acreditam...
enquanto isso..
ele age silenciosamente ...

Somos alimentados por medo!

domingo, 31 de julho de 2011

Quarto escuro.

No quarto escuro crio a minha luz
horas e horas a seguir esta estrela que me conduz
a escrita, tão bela quanto esquisita, escondida no capuz
do anonimato, fechado no quarto, revestia os verbos mais nus
de significado, batidas em série a entrar no sistema auditivo
significativo numero de versos processados em raciocínio intensivo
corrosivo como ácido, nada flácido, lívido e pratico neste mundo agressivo
desdobro-me em tarefas para me validar o meu tempo, valorização
a prostituição da alma é a sentença da mesma em qualquer situação
citação de um grande autor não faz de alguém artista, plágio
canonização do escritor em causa perdido num mental naufrágio
neste meu burgo tento ser autêntico e genuíno na abordagem
coragem sem imagem faz renascer das cinzas a essência sem colagem
só palavras macabras, porta fechada da imaginação, espera que a abras
viagem à ilha da fantasia negra que te guia ao portal, efectua a passagem!

Passam horas, horas e horas de escrita e mental divagação...

Mental transposição para o universo à parte
irrequieto cérebro que se estende de Júpiter até Marte
calcorreio os jardins do Éden infiltrado com uma mensagem dos Diabos
boas inspirações vagueiam pela brisa como a TV por estreitos cabos
mas eu renego-as, hoje só quero pecados e prazeres depravados
mulheres, álcool, hip hop conjunto com escrita assombrada e medonha
ilusionista verbal que conjuga fantasia e trabalho, enquanto a tua mente sonha
o corpo já balança de sofreguidão, tal é a dispensa de energia feita neste momento
mental, física, espírita esgotamento, olhos brancos e mil e um tormentos
sabem lá o que eu agonizo quando me sinto elevado nestes momentos!


Química junção de paixão e sabedoria!

quinta-feira, 28 de julho de 2011

Baile Infernal

Olá, tudo bem?
vamos navegar mais além,
um abraço e um beijinho
fumo de cigarro e aroma de vinho
embarcação desliza na agua
marinheiro nas ondas afoga mágoas
cálice de Vinho do Porto de mão em mão
demência mental conduz em contra-mão

A sério? Sim, desce as escadas e verás
louco piso onde a sanidade jaz
Jazz, champanhe e fruta
velhos guerreiros cansados da luta
ultramar é brutal para quem o vive
lágrimas acariciaram a cara de quem sobrevive...

Fogo!! Tens razão, que confusão
cérebros em total e perfeita combustão
olhos envidraçam como fachadas
almas com drogas são apedrejadas
danças diabólicas descrevem rotas
seios são negociados com notas

bem, vou me deitar e tentar esquecer
este inferno ao qual desci, está a arder
consome seres humanos como lenha
interligados na miséria, é precisa senha
um beijinho e um abraço grande, a quem me conduz
nesta luz ténue,  os amigos fazem jus
à sua fama e função neste destino
obrigado por me apoiarem neste
sonho de menino!

quarta-feira, 27 de julho de 2011

Inimigos...

Terra árida sem expressão
imbróglio bicudo sem resolução
é assim a minha alma sem calma
nem na palma da minha mão tenho paz
do ódio e sofrimento sou um capataz
amarrado pelas correntes desta vida
que envenena as ruas com droga
cancro e sida, inimigos dos velhos tempos
contratempos que criam mazelas
à luz de velas sem companhia ou
ajuda corpos sucumbem à sua foice
maligna!



segunda-feira, 25 de julho de 2011

Estado de alma.

Suicida conceito de coexistência com a fama
esta falta de decência é que te faz a cama
a chama apaga-se numa vil brisa perfurante
jogas o teu destino nas mãos duma cartomante
amante da vida louca que te leva à loucura
sepultura espiritual que enfraquece a armadura...

A humildade é a receita
sucesso é uma linha imperfeita
só peço que a esta gente que me aceita
congresso de rimas que me deita
num leito de sabedoria e hipnose
sinopse da minha vida numa metáfora
prevenida alma que coloca uma hipótese
muita calma quando a mente é uma prótese..

Combustão no senso
pretenso processo em conclusão
alusão ao desejo que eu peço
a quem me protege e assegura
que nada muda ou submerge
reescrevo a história conhecida
e trago a palavra nunca fornecida
num beco ou numa avenida escura
amargura que me oferece um aperto
no coração que tenho em ebulição
pelo efeito efervescente duma
canção...


domingo, 24 de julho de 2011

Bebida

Uma garrafa de vinho meia cheia
embriagados berram asneiras para a plateia
oxigénio é reduzido na caixa torácica
a textura cerebral enfraquece e fica flácida
conteúdo deturpa-se e torna-se demoníaco
olhos ficam enraivecidos como os de um maníaco
propulsão cardíaca aumenta em cem vezes a sua potência
falta de clarividência provoca uma grave abstinência
na inteligência natural dos poucos puros que ainda vivem
destruição em massa dos poucos neurónios que subsistem
estado físico decresce de beleza e aumenta de degradação
propagação do vírus pela mesa que ingere álcool em oração
a traqueia é um passadiço por onde escorre um rio de tinto
sinto e pressinto que a bebedeira já não finto, estou faminto
de absinto e outros líquidos de efeito insano e doentio
vivo a paredes meias, na barreira entre a indiferença e a agressão
eixo de insanidade pura que me transporta para um universo de combustão
espiritual e astral, quando uma simples gota nos pode fazer tanto mal
atirar-nos violentamente para uma sala escura sem luz ou expressão
poluição da mente permanente e efervescente cisão
a tinto dificulta qualquer vontade de tomar a valer uma decisão!

quinta-feira, 21 de julho de 2011

Grato

Obrigado por estarem ao meu lado
ser feliz convosco é o meu bom fado
vivi experiências e situações memoráveis
sensações únicas alastram em dias intermináveis
amáveis, sinceros, simpáticos, nunca apáticos
nesta era de frieza e violência e acontecimentos trágicos
funerais, festas, Carnaval ou uma passagem de ano
diversão e união, receita pura para um melhor ser humano
o dinheiro nunca foi razão para haver separação
ou troça de quem fosse, olhos eram o espelho do coração
em Famalicão, Porto, Viseu, Braga e outras cidades deste país
bons ventos de suaves brisas onde rimas fluíam como carris
de caneta em punho, sozinho, entrava no meu pequeno mundo
juntar amigos e escrita é algo que se torna imensamente profundo
porque o nosso baú contém lembranças inesquecíveis
onde se contam episódios de conselhos amigos e gestos incríveis
cada linha que crio é diminuta para tal demonstração de gratidão
quando vos vir no chão contem sempre com a minha mão
um abraço a cada um de vocês que me elevaram até o sol
esteja chuva, neve, trovões, granizo, lutarei sempre em vossa prol
vou fechar a cortina da gramática, vermelha e deslumbrante
lírico-medicina, este livro não se sente bem esquecido na estante!

terça-feira, 19 de julho de 2011

Poesia: Sangue, humor e sarcasmo.

Na cidade das sombras, só há fumo e gás
abutres, hienas como ladrões e pessoas más
marcas de alcatrão antigo colorem a avenida
toda a alma pela ceifa da malícia foi tolhida
laboratórios criaram venenos que mataram gente
de forma indigente, indecente, horrenda e corrente
torrente de sangue e corpos enterrados a quente
de forma abrupta e sem requerimento ou pergunta
era total o desrespeito pela lembrança da defunta
discotecas agora vendem ácidos a caveiras e esqueletos
que se alimentam de drogas, acido sulfúrico e cianeto
neste submundo encontram-se situações do arco da velha
o ser humano fez-se um vulto, sem chama, espírito ou centelha
o espiritismo engoliu o cepticismo e revolucionou o pensamento
a fantasia tomou o seu lugar no assento mor do parlamento...


feitiçaria é uma vizinha interesseira que te torna no teu pesadelo
adivinho a asneira que se avizinha cortando o destino com um cutelo
a instrução que recebo e não nego nem renego é de cortar o nervo
não há tristeza quando me desintegro, na varinha pego para matar o servo
acorrentado, desorientado, todo arrebentado, apertado de coração
mal tratado na prisão, virtual coesão moral, que deixa enganado o cidadão
masmorra onde esta besta quer que eu morra, fechado numa cela em Andorra
aço é o produto que a forra, anseio a desforra, farto de ser ignorado, por esta camorra
que para o abismo me empurra, armada em burra, não sabem que eu sei voar
enviar sabedoria através do radar, mental descarregamento de informação secular
estropiem o físico, façam de mim tísico, que eu riposto com o terror empírico
cínico, crítico, lírico, sanguinário como um morcego, antecedo o anoitecer vampírico
de dentes afiados, laminados, eliminados falsos e falsos iluminados, acordos quebrados
por escritores desconfiados, de agentes apalhaçados, a tua mente foi criada por
espermatozóides atordoados...

segunda-feira, 18 de julho de 2011

Parte 2

Poesia Ardente parte 2, continua a saga
de Lisboa ao Cairo, de Luanda a Praga
capto todo o mundo à velocidade cruzeiro
sem ser ganancioso, nunca quis ser o primeiro
quero ser sempre melhor para te dar qualidade
na escrita que abrange toda a raça, cor ou idade
projecto na folha os sonhos que me completam
lá também curo todos negros males que me afectam
psicadélico instante faz-me acender a chama do raciocínio
sou amante do pensamento e todo o seu brutal fascínio
incandescente na semântica praticada neste meu cubículo
sejam bem vindos de volta, este é o segundo fascículo
tranco a ignorância num cofre para não se espalhar
na mísera e doentia amostra social que só serve para matar
do submundo vem a cena mais pura, escura que perfura
o vírus da malícia entranha-se em qualquer armadura
há que ter paz no coração e ar puro nos pulmões
ser pacifista em tempos de guerra, evitar confusões
respirar a felicidade mais verdadeira, sorri meu amigo
vive de forma ordeira e simples, faz como te digo
vê o teu reflexo no espelho e tem orgulho no que vês
não te sintas feliz apenas a cada fim do mês
o dízimo em dívida é efémero quando o coração fala
vital à essência do ser humano, a voz da rua não se cala!

domingo, 17 de julho de 2011

Covil

Num covil refundido nas cataratas do Niagara
um velho mágico encaixa rimas em série dentro duma arca
a Arca de Noé dos sonhos esquecidos
homens e mulheres pela poesia despidos
de preconceitos e dogmas que nos intoxicam
talento selvagem sem jornal ou rádio
ninguém o publicita
sobe a pulso
na força de um impulso
não escrevo avulso
pensarei até ao sepulcro
escuto em formato psicofónico
quando a alma se revolta o tumulto é hipersónico
veto toda a forma de distorção da verdade cristalina
atina sem platina
a escrita é uma menina que com fantasia
um mundo melhor
em paz sem balas ou minas

quinta-feira, 14 de julho de 2011

Submundo

Submundo acorda e traz a malícia
em embarcações como uma tribo fenícia
hipotálamo arde em lume brando na fogueira
poesia a preço de saldo como ciganos na feira
cisão em várias porções do encéfalo humano
interjeição mortal como excessivo gás propano
elucidação de pacóvios que se acham fantásticos
derreto dogmas com metal em fluxos piroclásticos
assombrações esbarram-se na transparência espírita
que emano mesclada com pedaços de fluência empírica
humildade trave mestra que faz funcionar sistema límbico
sou secreto como um coral perdido no oceano índico
construção mental edificada desde a base dos neurónios
aula fechada e privada só a utentes sãos e idôneos
mamífero selvático largado num terreno baldio
potente raciocínio interligado a um gerador de energia e brio
do esgoto vem a poética mensagem da fantasia
terrível dialecto que até o mais mago druída extasia
evado-me da minha caixa torácica e bombeio saber para a rua
nesta cave das mil lágrimas a verdade é pura e nua!

Família Desgraça!

Num quarto escuro
um poeta trabalha duro
num papel branco vai desenhando o futuro
obscuro destino asfixiado pela agonia
o seu filho pequeno, coitado sofre de epilepsia
atolado em fármacos nem vê a luz pura do dia a dia
a atenção que deita às aulas é cada vez mais diminuta
o cérebro já não responde ao apelo da luta
a sua mulher faleceu quando a medula vacilou
a paz que reinava no lar depressa e sem pensar abalou
o dinheiro que entra não chega para fazer cobro às necessidades
já passou o tempo em que a sua vida era feita de vastas tonalidades
agora só o preto e branco colorem certas banalidades
stress acumulado transforma-se em raiva, desespero e loucura
o Pai era já um vulto daquele rapaz risonho que vivia na pura
sem cura para tal maleita escondia-se atrás dos versos
cada vez mais iguais e cada vez menos especiais e controversos
as drogas bateram a porta como o repto doce duma sereia
nele fazem miséria e prendem a sua alma numa vil teia
haxixe,cocaína, heroína que esconde a cobardia de quem a toma
impensável fim para quem ousou viver uma rotina fora das normas
agora neste quarto só resta cinza, canetas gastas e papeis esborratados
os cadáveres de pai e filho estão numa morgue sadicamente armazenados
sobra a alma titubeante e precária que chora lágrimas de ácido
resquícios dos químicos que tornaram o seu encéfalo flácido
uma vela ténue, uma corrente de ar, madeira que range, sombrio
é triste quando algo tão magnífico como uma família acaba ao frio
sem apoios, esquecida, derrotada, viciada, destruída e acabada
quando a escuridão nos cerca, a nossa hipótese fica muito limitada
um forte abraço a todos que vivem diariamente na luta por uma vida melhor
ao frio, à fome, sem sustento ou suporte, sonhando com comida e calor
quando nem a poesia pode fazer levitar o espírito
é porque o nosso destino é mórbido e cínico...

quarta-feira, 13 de julho de 2011

Poeta

Quiromancia lida nas mãos de um ferreiro
feiticeiro que é incompreendido e passa por interesseiro
destruo a pirâmide da mentira que ensombra a vivência
inocência perdida quando lidei com este mundo de demência
bruxaria faz brilhar os olhos de quem a cobiça
quatro curiosos sentados numa mesa de maldade maciça
luz negra faz transparecer vultos na parede branca
corres a bom correr quando diabo em ti desanca
trepo de verbo em verbo como um lince ibérico
voo até ao topo sentado sossegado no meu teleférico
visiono em baixo de mim a normal vida do ser humano
ambição de alguns a esgotar-se na escuridão de um cano
ou na goela de um alcoólico que se destrói na taberna
eu prefiro criar a minha arte refundido na fria caverna
à luz da vela que me alumia toda a noite e todo o dia
tão bela tela onde descrevo com palavras a dor e agonia
que me perfura como um bisturi com a ponta aguçada
vela içada neste bote que só navega de maré agitada
cerro os dentes e os punhos e labuto sem cessar
não suporto projectos que cessam antes de começar
sequencial trabalho unindo rimas e metáforas em prol
de um mote que é criar poesia bélica e sincera num vasto rol
mas agora vou fechar a adega que tanto vinho mental publicita
não é qualquer cana rachada que esta palavra recita
um beijinho e um abraço deste poeta escondido
continuo firme e capaz em busca do cristal perdido...

domingo, 10 de julho de 2011

Poesia Natural

Dizem que tenho talento
para dar e vender 
mas sinto-me vazio de momento
sem ninguém para aquecer
sucesso, dinheiro e fama não é tudo
são das coisas mais pequenas
prefiro escavar mais fundo
gritar pelo verdadeiro amor até ficar mudo
afónico, porque a voz também se gasta
numa corrida louca rumo à felicidade
a obsessão pelo próximo é nefasta
retira qualquer gota solta de sanidade
infesto a minha mente com dragões e duendes
endiabrados e enfeitiçados com esta poesia
não mudo por muito que tentes
sou viciado na dualidade da fantasia
tanto nos traz prazer
como nos joga borda fora
num segundo a chamar está a arder
mas no outro toda a gente te ignora
a caneta tem vida própria 
reencarna Camões neste objecto metálico
a paixão que nutro pela escrita é óbvia
prima pela evolução do músculo encefálico
faço de Houdini e caminho neste pântano 
flutuo levemente sem criar ondas
como antigamente levo rimas num cântaro
busco o português perfeito na gramática com uma sonda
ponto de encontro entre a seriedade e a criatividade
a combinação entre mente e coração
o equilíbrio interior é a receita da longevidade
intelecto estimulado é sintoma de total coordenação
dos neurónios que são banhados em sabedoria
pura e sem químicos ou fusões
a vida é uma ninharia
quando vivida aos tropeções

É bom ter talento

sucesso

mas o amor é a alavanca do mundo


....

A toxicidade desta humanidade
reduziu-nos à banalidade
construiu uma muralha entre as pessoas
ergueu o preconceito e a maldade
poluiu rios e lagoas
matou a fauna e a flora
traumatizou uma biosfera inteira
com atentados em série
isto terrorismo de primeira
isolou o planeta terra no olho da intempérie
culpa não morre solteira
tem sempre companheiro à altura
o homem corre para a feira
quando a verdade é pura e dura...


Respeitem a natureza

Respeitem o Planeta

Respeitem-se


Rui Castro

Farsa

Num périplo na tua mente vejo a tua ignorância
consigo ver que foste muito triste na tua infância
violência doméstica era o teu pequeno almoço diário
foste agredido violentamente quando saíste do armário
os teus olhos pisados só vêem a parte negra da vida
foste banido como uma mosca pelo sopro dum insecticida
tomas químicos em série para tapar o sol com a peneira
poupas a semana toda para te drogares à Sexta-Feira
abre os olhos e vê que esta vida é muito mais que festa
cuida bem da tua porque não tens mais nenhuma a não ser esta
a tua Mãe vê nas cartas a melhor maneira de enganar clientes
e o teu Pai é polícia e passa a vida a prender falsos delinquentes
teu irmão engana os amigos com negócios de bradar aos céus
exibes as tuas cicatrizes das seringas como uma sala de troféus
como uma psicanálise faço um relatório desta tua desgraça
o pêndulo tomba para um dos lados tomando partido do teu destino
decifro que estás farto deste mundo triste e elitista
pensavas ter uma irmã mas era o teu cota que era transformista
o teu coração é uma bomba relógio pronta a implodir no teu organismo
o teu espírito vendeu-se aos média porque só busca o protagonismo
bem vindo ao mundo deste rapaz que vive paredes meias com a desgraça
é triste quando vivemos décadas imbuídos numa farsa!

quinta-feira, 7 de julho de 2011

Labirinto

Num labirinto profundo
ouço vozes frias bem lá no fundo..
vultos vagueiam pela sala de estar...
sinto algazarra no ar, quem está a protestar?
Poltergeist rebelde parte tudo que encontra..

Cuidado!

Este fenómeno paranormal é de ter em conta...
adoro sentir o arrepio na espinal medula ..
as tuas narinas viciam-se no ar tóxico que circula..
o teu crucifixo inverte-se num rasgo de sadismo...
bloqueio-te os sinais vitais em sessões de espiritismo..
sistema central colapsa e entra em descompensação..

Convulsão..

Perfuração do hipotálamo de modo vil..
gases nocivos aumentam a frequência cardíaca para mil..
doseamento da respiração para evitar asfixia..
é este o lado obscuro da tão bela fantasia...
sejam bem vindos, ao meu mundo de fantoches e aparições..
vivemos de espectros,  alimenta-mo-nos de sonhos e secretas
ilusões....

quarta-feira, 6 de julho de 2011

Farto!

São 4 da manha e eu penso na minha vida
triste e solitário no quarto de luz refundida
quero que a fama se lixe quando só me entristece
não posso errar nem fazer livremente o que me apetece
errar é humano mas parece que não o sou
fui o eleito da poesia que esta gente ansiou
durante anos a fio chorando lágrimas de crocodilo
agora ignoro a marca das roupas e o estilo
fúteis manias não me atraem é só lixo
foco o sorriso sincero duma terna jovem olhando fixo
estou farto desses sorrisos amarelos
e olhares de esguelha destes habilidosos caramelos.
não preciso de vocês falsas luzes de aviso
prefiro guiar-me por mim mesmo e viver de improviso
tenho orgulho na gente que me acompanha
sinceros e fiéis como eu que não os tenho para fazer campanha
façanha é com poucos recursos fazer um arco-íris de alegrias
alergias tenho a quem usa cunhas para subir nestas galerias
estou farto desta escumalha que destila ódio
ficam a saber que isto que eu faço é pior que ópio!

terça-feira, 5 de julho de 2011

Dom

Reluzente como a ponte Don Luís
dom que trago neste meu corpo ferido
cicatrizado pelos ventos vindos da serra
a guerra é o pitoresco cenário do poema
fonema evade-se na sala escurecida e fria
eu escrevi durante anos fechado no quarto
fiz o parto cesariana a esta rima incandescente
indecente critica ouvia repetida sem jeito
enjeito toda a forma de descrição da realidade
dualidade rejeito para firmar a firmeza da postura
a doçura com que acarinho a face do meu amor
como a Capela dos Ossos sou misterioso e silencioso
nervoso quando me traem pelas costas com ideias opostas..

domingo, 3 de julho de 2011

Decadência

O homem é raivoso e mau com a sua raça
despedaça com lâminas o âmago do próximo
mas nem sempre assim foi no planeta Terra
na pré-história havia a pureza natural e humana
o binómio caçador-presa era o tópico do dia
reluzia nos olhos o brilho do amor sem aditivos
cada um caçava aquilo que precisava sem luxos
fluxos batiam certo com a coordenação central
do núcleo gravítico do planeta...


A criança nascia naturalmente sem processos
mecânicos ou plásticos que entorpecem gestos
nefastos à natural acção motora e intelectual
daquele que foi eleito pela mãe-natureza habitante
deste habitáculo aparte do espectáculo e que prima
pelo equilíbrio e calmas paisagens a roçar o bucólico
melancólico sentimento que me enjaula neste meu
cubículo emparedado com betão e ferro
berro porque me asfixio neste oxigénio tóxico
inóspito...


Inventaram o álcool
segui-se o degredo do tabaco
finalizaram com o demónio das drogas..
restringiram a sociedade a uma sala de pânico
país anémico que se suga a si próprio..
dinheiro como ópio que colecciona viciados
agoniados em esquinas que se esfumam no breu..



sábado, 2 de julho de 2011

Mais uma...

Mais uma jornada  vivida na tenda
grande fenda no sistema que é real
e não se dá com cinema...

Contraponho a mentira com verdade
límpida como a paisagem duma herdade
miragem é a liberdade com facilidade
habilidade de criar um mundo só nosso
moço luta pela tua coragem...

Nem cama nem chama sou um
urbano sem ser nódoa que cai no
melhor pano e estraga a cena já
de si pequena e miúda dá voz
a essa gente muda e muda
essa cena para o bem de todos
nós!

Abstracta sensação de sentir
abrir horizontes entre os montes
montes de emoções em poesias
ou canções que provocam o tumulto
culto ser que sem pertencer a núcleos
nem seitas te aceita no seu seio sem
ser pela tua namorada ou pelo seio dela
à luz da vela o poeta escreve entorpecido
pela voraz e branca neve...