Apresentação

Ser humano é medo, é fragilidade, lágrimas e sangue...
sofrimento, agonia, angústia e lamento sem fim...
a mim, a ti, a nós, o medo atacará até perder a voz..
vocês não acreditam...
enquanto isso..
ele age silenciosamente ...

Somos alimentados por medo!

sexta-feira, 30 de março de 2012

A Diferença

Numa era em que a paciência e a sensibilidade artística se esvai como nevoeiro no orvalho matinal, sobrevivem de modo agreste alguns pontos de luz neste breu espesso que se acumula nos céus que nos cobrem!
O secar das fontes de inspiração na alma de muita gente enegreceu o seu espírito, tornando as pessoas mais frias, insensíveis, assassinais, totais responsáveis pelo descalabro social, cultural e anímico a que assistimos de pés e mãos atadas como sessões de tortura.
É de uma covardia absurda por parte de alguns, e repito, alguns membros da comunicação social culpar a crise pelo enlamear constante do quotidiano de cada um, quando o problema é fundamentalmente de mentalidade e urge de maneira iminente uma mudança no modo comportamental da sociedade em que estamos inseridos!
Não é a crise que conduz a uma selvajaria caótica que diariamente é relatada em forma quase de poesia bélica nos noticiários por este país fora, tudo advém de uma educação deficiente, com clamorosas falhas que não são devidamente colmatadas durante o crescimento, e que chegado à idade adulta dão aso a atitudes e acções como violações, roubos, homicídios, burlas, sequestros, toda uma vasta panóplia de delitos que ajudam a enrijar a teia do crime, que já cobre uma franja significativa dos jovens e adultos deste burgo.
A crise na minha humilde opinião não é mais do que um lobby jornalístico, um bode expiatório que serviu como uma luva para engrandecer a estupidez e a fragilidade de um povo que nunca valorizou aquilo que era nacional, perdendo-se de amores pelos estrangeirismos, criando um vazio dentro da sua nação e tudo aquilo que é produto nacional de toda e qualquer índole. Somos usados como fantoches, marionetas controladas à distância por manipuladores de excelência, que sentados a seu belo prazer na sua confortável cadeira do parlamento, qual café qual quê, mandam e desmandam tudo o que dizemos, fazemos, pensamos e contestámos.
Usemos a arte como instrumento para abrir mentes como médicos egípcios, lavar as impurezas que lá moram e medicar o cérebro, doente por tanta bactéria informativa ter desregulado o seu campo de imunidade e ter rompido as defesas que tantos anos demorou a erguer e solidificar! Nós não estamos em crise, a crise é um diagnóstico mal tirado a uma patologia neural e física que não é mais de que a incapacidade de fazer a diferença para melhor. Porque a mudança é pura e simplesmente isso, fazer a diferença! Mudar, melhorar, querer algo melhor do que a realidade tacanha, tímida e fechada numa jaula onde é só podridão e paralelismo entre o medo e a ignorância!

Sejam diferentes, sejam melhores!

Rui Castro!

quinta-feira, 29 de março de 2012

Triste Fado.

Nunca fui um poeta nem trovador
não distingo entre alegria ou a dor
que serei eu então? Um resto da sociedade?
um lixo deixado na porta de um qualquer
magnata ignorante? Estandarte de uma geração
perdida na bruma do tempo? Contratempo
de quem refunde a verdade ao povo
revoltoso ?

Colérico fico quando fico à parte
da revolução fracassada destes
agitadores vãos e sem qualquer
substância, ânsia têm de mostrar trabalho,
baralho cartas num café, sem fé, lendo
um jornal, expresso de mentiras e calúnias..
Deus existe apenas um, mas nem esse vejo,
beijo uma mulher sem valores, alma com bolores,
corpo com dores, amores? Nunca, é acidez tipo
absinto e rum!

Bêbado, drogado, prostituto e
corrupto? Talvez, um de cada vez, já vês
eles passarem na rua, nua e crua, insinua que
lá vivas como um perdido, inapto,
a um canto, num pranto, chorando o fado
que te calhou ao nascer nesta pérfida pátria..
pálida tez culmina com um desmaio leve e
suave...
Duas da manha és sangue, lágrimas e vómito
indómito espírito, sem mão ou rota,  rumo definido
deixado solto numa selva sem salvação..
o vício foi a única solução...
olhos já reviram de sofrimento..
álcool em ebulição...

Jogo de palavras!

Sinto a essência que me envolve
num eloquente elevar até ao cume
da questão, estão atentos aqueles tudo
tentam para nos dividir, promiscuir
iludir neste pano preto, obscuro, onde
nada é concreto.
tenhamos dó daqueles que nos
desviam levemente do nosso objectivo
proeminente..
premente produto onde primo
pela paixão ou acção, metaforizo
ironizo um assunto no qual pesquiso..
por falta de informação neste mundo
fechado e escuro, onde o puro e duro
é tão refundido como os fundos de um
tasco..
frasco aberto como caixa de pandora
agora viajo no tempo que ignora quem o
controla, na sua mania se imola e de
tristeza assola quem lá pisa...
concisa forma de redigir em pleno
século vinte e um, um a um, fui matando
os problemas silenciosamente como
um espião que só age com a mente..
sinto o teu perfume como um sinal
astronómico, cósmico, bucólico,
melancólico, para muitos agressivo
para outros folclórico, nutrição devidamente
racionada devido ao excessivo teor calórico...
trago palavras como proteínas, metáforas como
vitaminas, frases como lâminas afiadas...
não faço poesia, activo rimas assassinas!

domingo, 25 de março de 2012

Inacabado!

Inacabado?
Sim, é como me sinto..
inacabado!
Cru e sem tempero possível
é impossível deter esta falta de trago..
trago comigo só versos e prosas
esqueci-me das rosas...
chove gnose a cântaros nesta rua..
nua e sem vestes o meu coração roda
neste triângulo enlouquecido...
cuspo vocábulos secos e sem aroma
plataforma escura e de índole terrorífica ...
empirismo engoliu-me numa noite de
breu denso..
intenso sinto sem cinto, pressinto
com afinco, eu vinco que prezo pelo
pensamento que me transmite aquilo de que
preciso...
ironizo quando ouço mentiras vindas
de vozes distorcidas...
inacabadas como projectos abandonados
prossigo na minha luta, labuta, escuta e recruta
as tuas ideias...
alcateias de rimas vagabundeiam na minha mente
eternamente ostracizado ...
sabem como me sinto?
Sinto-me Inacabado!

quinta-feira, 22 de março de 2012

Medo

Um castelo arruinado que vive de lembranças..
lá se passaram tristezas, alegrias e festanças..
espelhos ensombrados por rostos lívidos
crianças brincam com espíritos tímidos..
lareiras apagam-se num repente instante
ouve-se num berro agudo num universo distante
proeminente medo que cresce de dia para dia
uma luz avermelhada de um candeeiro velho irradia
frase aparecem escritas em paredes de cal
quadros mostram homens com olhos cheios de mal
convulsões e vómitos afectam o casal que lá mora
tremor indómito projecta-se de dentro para fora
durante anos espectros e alucinações foram visitas regulares
assombrando pessoas com dizeres de profecias milenares
tenham medo!

Sangue escorre do corrimão como um riacho
leito espesso que traz células terríveis por lá baixo
fedor a medo irrompe pelas narinas de quem lá entra
a faca da agonia sem medo o teu peito esventra
evito pensar nas horas de sofrimento que lá passei
sem dó nem piedade, susto e loucura lá passeei
como um ser eunuco de vida e sensações
varreram-me a alma com a velocidade de tufões 
olhar vago, sem expressão ou brilho
a estrada das trevas? É este o nosso trilho!

Tenham medo, tenham receio...
temam tudo aquilo em que acreditam..
porque a nossa mente é um quarto escuro..
e num quarto escuro... 
nem a máxima luz subsiste...

O medo conduz ao controlo, e nós minha gente, somos alimentados
a medo!

segunda-feira, 19 de março de 2012

Vazio

Sinto-me vazio..
de tristezas, agonias, lágrimas, ideias
macabras, malícia, carros da polícia,
macas de hospital...
fundamental acreditar que a luz ainda advém
daquele esforço dantesco que pusemos
em prol do nosso futuro..
puro e duro na escrita que encripta códigos
pródigos, alinhados numa sequência de eloquência
demência lírica, satírica, empírica, nada cínica,
só para adocicar a componente anímica como
um preparado de moral e confiança tal e qual
composição química...
Esvoaço mentalmente nestes segundos em que levito
acredito e recito esta poesia de granito, repito
quantas vezes preciso que sou conciso, profetizo
e ironizo quando alguém diz "eu piso", pisas nada
está calada, cresce e amadurece, deixa de ser fada
neste mundo de bruxas, sujas, puxas do feitiço
não te acredites que a magia resolve, neste mundo
cortiço, isto não é algodão, é escrita de puro aço maciço!

domingo, 18 de março de 2012

Rock e Prosa!

Estou farto de luzes com som e bebidas
putos armados em ursos e crianças despidas..
hoje libertei-me dessa jaula indecente
li um livro e ouvi um álbum...
Jim Morrison a vaguear no meu quarto
em espectro que viaja nas ondas sonoras..
leitura era sobre a Mossad, agência secreta..
secretismo nesta combinação tão inusitada..
iluminada..
apropriada para afogar mágoas antigas
absorvo a voz imperial deste mito
repito vezes conta as suas frases na minha
mente..
alivio ao saber que a cultura ainda subsiste
existe por detrás do pano preto
da artificialidade...
rock e prosa unidos no espinhos
de uma rosa.....
grossa e nossa esta fossa onde vivemos
crescemos e morremos
lamento a minha falta de educação...
mas sou mais um vira-lata neste
mundo cão!

sábado, 17 de março de 2012

Luz.

Ao sabor do vento
leio um livro intensamente
sem evento ou compromisso
enfeitiço-me na magia de cada
palavra...
macabra babilónia que me consome
o espírito, empírico caminho que atravesso
pulando barreiras impostas pelo sistema..
cada capítulo me traz uma elevação..
levitação mental do pólo direito
do cérebro..
navego nas águas do saber
no oculto tento deambular sem destino
livre arbítrio onde caminho aos tombos
sem rumo ou motivo..
frívolo fado que me enfurece...
a quem não tem luz na vida...
é  isto que acontece....

sábado, 10 de março de 2012

A Carta

A carta....
... Aquela carta que te escrevi num
dia de solidão, naquele dia em que o sol
fervia e me batia rebelde na minha
janela envidraçada...

Falei da minha vida...
das saudades que sentia por causa
dos três anos de tua ausência..
do meu trabalho, da minha escrita
erudita e explícita que conta tudo
o que sente...

A tinta fluía na carta calmamente...
naquela tarde primaveril que refrescada
era com um brisa marítima ... legítima ambição
tinha de te abraçar..mas era tão longínqua a sensação
que a concretização se tornou um Oásis apenas
desenhado a lápis....

A carta foi isso mesmo..
um dizer de várias coisas e um
ocultar de outras tantas...
o amor que nos unia foi a
ferida que fez sangrar esta pobre alma
sem calma...
esta paixão de dor farta...
farta de tudo...
farta da saudade... da saudade
da carta!

Fim dos Tempos..

Mítico sítio que me viu nascer
duma semente negra florescer
grogue destino que me atraiçoou
quando lutei como um guerreiro
nas diabólicas encostas ...
dói-me as costas, dor aguda
que não ajuda...

Neste período agreste onde a neve
e chuva são o prenúncio da escalada
de violência que vai assolar
esta terra que tanto embelezei
com frases de Confúcio..

Abomino esta onda negra
que reveste os céus..

Breu denso onde penso que
é extenso o ideal de querer ser feliz nesta
terra de ilusões, desilusões, vendilhões,
alçapões que te transportam para
o chão mais imundo deste mundo
que vive em vão..

Numa gravura desenho a face
do desespero, espero que alguém me
resgate deste apocalipse..eclipse lunar
atrai criaturas demoníacas, maníacas e
desumanas, profanas num desejo titânico
satânico de ceifar vidas humanas, num ápice
sem óbice, a destruição é célere, a cólera escorre-me
nas veias tensas e efervescentes...

Sejam bem vindos ao fim da babilónia..
ao fim dos tempos.. aqui? Não há lugar
para descendentes!

quinta-feira, 8 de março de 2012

Rua

Sinto a brisa mas deixo-a ir...
recebo o teu braço mas não me aquece..
esquece que eu existo
enquanto isso eu tento, eu subsisto..
quando me visto ou me cultivo
sinto este calor tão frio para mim..
nem jasmim nem mentol...
um amargo sabor que me invade
sinto-me tão bem debaixo do lençol...
sem problemas ou charadas
quezílias ou conflitos
vejo viciados aflitos nas ruas
amarguras destes homens perdidos
tristezas nuas que não se vestem
revestem meninas nuas que não
despem..
a nudez é outra
nesta era louca..
é mais frágil...
é uma nudez integral
espiritual...!

domingo, 4 de março de 2012

Poesia de rua..

Uma porta fechada
um jardim escondido
um pássaro calado
num suspiro sentido
um sol fascinante que
ofusca o breu denso
espesso mal que cobre
esta felicidade galopante..

Insolvência declaro
quando o meu amor esgota
para mim torna-se claro
que a desilusão é poliglota
ataca dos dois flancos
sem aviso prévio
vejo reformados em bancos
que ainda pensam no Eusébio..

Na Amália ou no Variações
nostalgia é tramada
a vida dá várias lições
de uma forma alicerçada
reavivo Pessoa em cada verso
linha a linha com delicadeza
sempre sagaz e controverso
tentando usar a subtileza...