Apresentação

Ser humano é medo, é fragilidade, lágrimas e sangue...
sofrimento, agonia, angústia e lamento sem fim...
a mim, a ti, a nós, o medo atacará até perder a voz..
vocês não acreditam...
enquanto isso..
ele age silenciosamente ...

Somos alimentados por medo!

terça-feira, 31 de maio de 2011

Sarajevo: Sangue e Choro.


Slovodan Novak,, 2011, 02:34, Belgrado, Sérvia...

Era eu criança e Sarajevo ardia em fogo bravo
militares corriam assustados para ficarem a salvo
bombas batiam nas casas com barulhos assombrosos
pensava para mim, "Qual o porque para estes homens tão invejosos?"
roubam a liberdade ao povo para seu próprio interesse
agressões eram diárias fizesse sol, neve ou chovesse
de arma em punho vigiavam fosse esquina ou avenida
era este o Apocalipse para o qual a Jugoslávia não estava prevenida
surda dor que vagueava nas artérias desta cidade
centenas de jovens a quem lhes foi arrancada a mocidade
eu, bem eu, dormia num orfanato a cair de velho e gasto
nos seus corredores corria um pesado trago a algo nefasto
eram centenas de pequenas almas lá amontoadas
enquanto as as ruas permaneciam ensanguentadas
Milosevic cuspia terror em palavras de violência
um país inteiro foi dizimado com a sua total complacência
monstro político sem qualquer pitada de humanismo
usava homens e mulheres para obter protagonismo
eu? Cresci assustado numa redoma de vidro escuro
sem saber se tinha presente para poder sonhar com o futuro
durante anos foram múltiplas as ofensas à dignidade humana
cometidas por este demónio que ostentava uma mente insana
toda a Europa acordou em sobressalto quando soube a verdade
à velocidade de cruzeiro marcharam para matar esta calamidade
mas quando chegaram já eram cadáveres a decoração persistente
ossos, sangue, balas, escombros, destroços e horror na cara da gente
hipócritas da Europa central acentuaram ainda mais o sofrimento
excessiva lentidão na pedida justiça para com o parlamento
foi mais uma década de uma poeira doentia a pairar sobre os Balcãs
e milhares de pessoas cansadas e fartas de conversas vãs
quando finalmente tudo se resolveu,  foram precisos anos para reabilitação
muita gente morreu ao tentar entrar no caminho da salvação
passo a passo, levemente, a recuperação foi-se processando
era como um deserto infernal que de nós se ia apoderando...


Agora, passados 11 anos
ainda sinto em mim, parte dos danos
a dor embate forte no meu ser
parece que vejo uma mãe a sofrer
o seu filho a morrer-lhe nos braços
limpeza étnica que devastou este território
onde o bem estar era vão e ilusório...

A guerra na antiga Jugoslávia matou mais de 100 mil pessoas, desbaratando um território de forma cruel e demoníaca por questões anti-semitas.

Recolhi da minha mente este testemunho deste jovem que viveu de perto este flagelo e negro drama, vendo parte da família sucumbir à terrível fome de guerra e ódio do sórdido Slobodan Milosevic.


Até um dia,

Rui Castro.

segunda-feira, 30 de maio de 2011

Poesia Sem Rima

Numa cidade vazia
entregue ao pó e ao silêncio
tão só me sinto nesta avenida
razia feita pela poeira aqui instalada
maldição profetizada no compêndio
alada aparição ordeira vista na capela
acendam uma vela em memória deste vulto
oculto e obscuro como uma capicua de 6
eis que vislumbro na sombra a face da morte
má sorte com porte e aura diabólica
surdina canónica estoira-me o tímpano
lívido permaneço durante uma série de segundos
primeiro os mais imundos agem de modo ríspido
são seres em fotogramas vindos da mente
permanente a duração visual desta espécie de hologramas
desejo que este pesadelo se desfaça no tempo
contratempo apanha-me indefeso e em contra-pé
cliché usado quando se tenta negar o óbvio
pacóvio tabu tenta esconder a real força do mau olhado
molhado na chuva do destino que embala a alma
calma na tua palma da mão onde trazes o mundo
moribundo caminho aos tombos com o Diabo faço as pazes
alucino em doses excessivas para um comum mortal
brutal omnipresença de dupla consciência no intelecto
dialecto erudito traça a rota deste cometa lírico
satírico ego aprisionado nesta redoma do poeta!

domingo, 29 de maio de 2011

Rimamania

100% focado na anomalia que é a minha vida
uma luz fraca, uma rua escura, uma alma altiva
um aldeão atravessa crepùsculos e auroras
totalmente perdido sem noção das horas
para entregar a missiva poética que anseias
escrita rude e sem cenas, plumas ou teias
síndrome de cultura sou viciado nela como um doido
verbos e prefixos malucos no coito
esperma literário a indagar nas páginas deste volume
na lamparina do saber aqueço a mente ao lume
quilogramas de ligações simpáticas em sintonia
simples e saudáveis soluções para o dia a dia
vivo envolto em canetas, papeis e pó
tanta panóplia de objectos e esta mente sente-se tão só
tanta jóia falsa faz alevantar o brilho das verdadeiras
gosto de gente simples e francas como feiras
genuínas como espirros e linda como paisagens
amizade vê-se em gestos e nunca em homenagens
vejo o teu hipotálamo a ferver como uma erupção vulcânica
és escuro e denso como uma profecia satânica!

sábado, 28 de maio de 2011

Regresso.

Agora é que elas vão morder
vão ver ganhar quem queriam ver perder
inato dom para calar bocas a surpreender
a tua burrice com esta escrita vou apreender
complexa inércia intelectual engole a tua mente
tentas lutar contra ela mas és impotente
o teu coração segue o sol para poente
escreve a dor que sente a tinta quente
preta, fluída, eloquente, firme e capaz
não tens noção do poder dela rapaz
só tem mão para ela quem for audaz
o escritor é o refém, a poesia o capataz
ejaculação de metáforas de forma alucinante
a tua compleição mental é fascinante
mas tu só sabes usa-la de modo errante
escrevo de forma exorcista e provocante
mental cavalariça repleta de ideias e conceitos
são milhares de assuntos a quererem serem primeiros
mas há que ser sensatos, bondosos e ordeiros
rimas perfuram o teu sistema cutâneo como morteiros
coesão neuro-motora duradoura nesta arte
total junção do meu povo, ninguém fica aparte
viagem espacial instantânea da Terra até Marte
intra-espiritual alegoria processo num ritual à lá Carte
citação com excitação sem limitação
poesia sem fricção, real sem ficção
por ela tenho estranha fixação e admiração
conexão transumana de duas almas frenéticas
alinhadas por áridas métricas sempre proféticas
elixir da juventude para aquela pessoa mais céptica
o código da minha sapiência é uma capicua numérica
tensão arterial no seu grau máximo de expressão
tento sempre fazer e conseguir uma escrita de eleição
extensa projecção, total ignição de todo o processo de criação
física e mental evolução, lanço a bomba da paz no meio da confusão
polígrafo literário não deixa a mentira ascender a algum patamar
por mais que galgues, acabarei por te alcançar
ventos ciclónicos virão cegos quando as minhas asas alçar
dezenas de frases encabeçadas por um ideal que vou citar
trazer poesia em arrobas para te fazer levitar
cada palavra é um bilhete gratuito para o bem estar
firme e convicto sem direito a gaguejar ou soluçar
como uma G3 em ponto de mira pronta a disparar
vou fechar a loja para me retirar, conclusão do poema
medicina aldeã que ajuda a curar todo o tipo de problema
sentes-te aprisionado dentro das 4 paredes deste dilema
todo o dia fazes uma pergunta, como resolver este celeuma?

Rui Castro.

quinta-feira, 26 de maio de 2011

Começo...

No castelo o lobo uiva de dor
vê-se preso enquanto passa um condor
preto e sujo vindo da arca de Noé
e agora voa para as muralhas da Sé
restos mortais caracterizam este santuário
é sangue que corre no seu fontanário
rosas pretas enchem o chão de escuridão
feitiçaria negra sai da varinha de condão
da terrível e temível senhora dona Tristeza
seguidos e lacaios dão graças a Sua Alteza
pêndulo tomba sempre para o lado inverso
aquele lado vazio, denso e controverso
perverso como a face de uma Gárgula
mandatada pelo mórbido Conde Drácula
à entrada do castelo estão dois dragões
envoltos em chamas, ácidos e trovões
nunca ninguém penetrou neste forte
sem saborear a desgraça ou a morte..

Passemos ao piso de cima....

No cimo vive o líder, um escriba
de uma escrita fantasista e agressiva
mistura duendes dementes com humanos
vindos dos sítios mais profanos
suicida metáforas com verbos em chamas
faz doentes psíquicos morrerem nas suas camas
com simples versos afogados em ironia
malícia, maldade, terror e agonia...

Já vimos o escritor..agora vem o bibliotecário 

É um alfarrabista de homicídios e incidentes
dá-se com psicopatas, maníacos e dissidentes
doentes e alucinados também integram o lote
nos mares alimenta criaturas endiabradas no seu bote
no seu escritório tem relatos de histórias horripilantes
mas que permanecem guardadas por vis vigilantes
tem um passado copioso de abusos e mutilações
dele para agir agora tira as suas ilações...

Siga a rusga..venha o "Dono da cave"

O "Dono da cave"  encerra em si a lenda
vive dentro de uma cave com uma tenda
na sua alma tenta esconder a sua fenda
mil e uma desculpas para fazer asneira inventa
torturas e fórmulas horrendas pinta o cenário
têm dúzias de esqueletos no seu armário
calvo com escoriações e ferimentos
ossos, pele e tecido são os seus elementos...

Neste começo da história trago-vos o Escritor, Bibliotecário e o Dono da cave
com a sua excêntrica e sórdida vivência, inusitadas práticas que têm como objectivo
atingir a mais negra e atónica realidade!

A vossa mente escorre neste chão como um ácido corrosivo que vos desgasta o sistema nervoso central!



quarta-feira, 25 de maio de 2011

Escrevo com dedicação

Escrevo com dedicação
faço-o de alma e coração
nunca fui alvo de adoração
sempre actual, sem saturação
facturação baixa mas a raça
é brutal para tamanha situação
sem bombos para dar o alerta
mas sempre atento quando isto aperta
firme quando o resto deserta
tudo e mais algo me afecta
menos humano e mais poeta
soa o embater das ondas
estou a espera que me respondas
não quero que te escondas
sempre clara nunca com sombras
quero tudo nunca fico com sobras
prefiro falar com pombos do que cobras
eu sou Guevara tu és um Paulo Portas
quando é para falar verdade, até te cortas
não me dou com parvos ou ladrões
que só se dão comigo por anéis ou medalhões
mas eu grito a liberdade a plenos pulmões
Vai lá fazer de Júlia Pinheiro que eu faço de Camões
vejo dos dois olhos mas as vezes pareço cego
absorvo tudo que preciso através do ego
que tenho que crescer nunca mas nunca nego
e um amigo com dificuldades jamais renego
moribundo quanto baste para ser polémico
alimento-me de tudo não tendo a ser anémico
com talento sobe-se escadas, com dinheiro é de teleférico
na minha farmácia só há produto genuíno, não vendo genérico!

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Rui Castro

Império mental, verbal e natural
erguido de um carisma neutral
que não se arrasta no lamaçal
sempre limpo e coeso na rua
fechado no quarto a olhar a lua
aguarda que a escrita suba e flua
nua de manhas ou manias fúteis
longe de falsidades ou frases inúteis
mas perto da magia das ideias úteis
alucino de dia em dia sem parar
para pensar no que estou a sonhar
tapando com talento gente a definhar
o meu talento e esta inata rima
que pela justiça sã e salva prima
e traz a alegre métrica que te anima
combinações trocadas por esta caneta
que chorou anos fechada na gaveta
mas agora diabólica incendeia a praceta
com frases furiosas e em bravas chamas
que faz curar velhos travados em camas
ou apaixona homens asnos por altas damas
o relógio dobra os ponteiros
mas na linha da página vivem os pioneiros
da cultura nortenha só se cita os verdadeiros
quando estou bem disposto ironizo
sobre situações frívolas neste piso
até debaixo da ponte verso afogado em granizo
no meio de roedores e sujidade urbana
topo tudo e todos sem dar cana
a junção de escrita e musica chega a ser insana
demoníaca para quem se vê envolto nela
que se ergue no aroma do incenso e na luz duma vela
ou um escultor, pintor que pinta a sua musa numa tela
aquela leve veia que se vai adensando no organismo
tento ser tão ilustrador que isto não é escrita, é grafismo
directo, cuspo verdades em catadupa, sou alérgico ao eufemismo
não te posso poupar à verdade dando-te a mentira
não finjo que dou algo com a mesma mão que tira
a fama dá-te o palco que a essência te retira
há que ser justo e saber conviver
ter qualidade de vida sem ter que sobreviver
mas sempre com um lado culto a ascender
para me despedir vou fechar a cortina
arrumar para canto este vício que contamina
almas e corações que fazem da palavra uma mina!

domingo, 22 de maio de 2011

Agreste

Subidos montes e encostas
com a visão turva e dores nas costas
comida racionada com amostras
entrega e trabalho, eu sei que não gostas
debaixo de neve e granizo
escrevo rimas que no papel eternizo
previsões viscerais aqui profetizo
demónios e víboras da minha tenda exorcizo
tremo das duas mãos sem distinção
tento obter fogo com duas pedras em fricção
isto é realidade não confundas com a tua ficção
que captas da tua rua ou dos filmes de animação
a mente lateja de espírita actividade
despejo tanta vibração que parece electricidade
simples e rapaz de bons costumes sem excentricidade
crio para me sentir bem sem pensar na receptividade
o céu encobre-se de um breu tenebroso
sou bafejado docemente por um vento assombroso
viajo do mais saudável até ao mais escabroso
há que ter o coração em fogo quando o trilho é penoso
mais linhas escrevo mas já não há fluidez
agora há alucinação, chegou a sua vez
vejo anões, querubins, lanças em chamas, vil tez
não faço ideia quando voltarei a ser lúcido outra vez
adormeço de caneta em punho como um guerreiro com a espada
tento manter-me quente nesta tenda gelada
penso em sub-consciente em cada alma velada
e nos podres nojentos desta sociedade decapitada
horas depois acordo fraco e esfomeado
tento orientar uma refeição para ter o estômago enganado
caminho mais uns metros até um lugar sagrado
onde o meu pensamento pode ter um crescimento regrado
o hipotálamo bomba a mil a hora informação em sigilo
sempre escondido e em paz como um grilo
mas imponente e misterioso como enorme Nilo
firme como uma estátua sempre sem desvio ou vacilo
agora sinto-me de bem comigo próprio
sem o veneno da nova gente que vicia como ópio
sem a teima demoníaca que a arte tem que virar negócio
faço magia e fantasia ao virar de cada equinócio!

Casa dos Penhores

Sejam bem-vindos senhoras e senhores
à minha loja dos penhores
onde enfrentam cem tristezas e mil horrores
tudo é a preto e branco aqui não existem cores
fantasmagoria evoco a cada passo
toco o alerta com a campainha do compasso
o vácuo espiritual esvazia o tempo e o espaço
vou à gaveta buscar isqueiro enquanto o Diabo saca do maço
vês corvos, raposas e lobos embalsamados
no chão dançam pelo absinto amestrados
os seus olhos nestas raridades então concentrados
vê cabeças cortadas por assassinos contratados
concebi esta casa de penhores para depositar artefactos
bíblias refundidas empoeiradas na gaveta
o tempo aqui passa à velocidade dum cometa
tento lembrar-me deles na minha caderneta
corri linhas e linhas de poesia estilo estafeta
e bani o saudosismo que a alma manieta
relógios de parede marcam o tempo no ponteiro
tempo esse que te fere como um morteiro
desta casa das cem caras eu sou porteiro
deste santuário épico de lembranças sou parteiro
vais levar um medalhão egípcio de elevador valor
para a fantasia e alucinação isso é um elevador
sentirás os aromas africanos mesclados com calor
formigueiro na tua pele e nos olhos um vil ardor
tire-me essa maldição daqui humilde senhor
é tamanha a carga pesada que me faz um favor!

quinta-feira, 19 de maio de 2011

REVOLUÇÃO MENTAL.

A construção mental advém dos hábitos e decisões que tomas e segues diariamente na tua rotina pálida e fiel para com marcas, estilos e tendências vazias de conteúdo que pintam duma tez cinzenta e sem expressão as nossas ruas desta cidade!




Este é o mote para a reflexão que vos trago nestas páginas onde florescem palavras inóspitas vindas desta mente efervescente.Nas várias incursões que faço nas ruas Famalicenses vejo várias falhas grotescas na juventude, que se mascara e esconde por de trás de disfarces e fantoches embelezados pela mórbida luz da fama que cria e devora à velocidade da luz ídolos apenas seguros por promessas feitas de papel que ardem à primeira circunstância.
A moda traz dois dos maiores demónios que assombram este éden em consecutiva degradação, o dinheiro e a destruição mental, são como dois furacões que varrem a tua essência para debaixo do tapete e jogam a tua alma numa masmorra fria, nojenta, pérfida, com amarras físicas que deixam marcas para toda a vida.


Sê livre desse veneno, combate a ignorância, sê diferente dos restantes sendo igual a ti mesmo!




Fecha-te no quarto, transgride as barreiras da tua mente, pula a cerca da evolução e segue o trilho da apaixonante linha da cultura real e sem fantasmas, de olhos abertos e coração disponível para amares aquilo que crias e acreditas, tenta ser verdadeiro contigo mesmo, sem nunca tocar ou ferir crenças que colorem a tua vivência à longas décadas.Ninguém é dono da verdade, mas a verdade tem sempre dono, é bom senso,a humildade incrustada na inata boa essência que emanas sem conflitos ou discussões interiores que te aniquilam toda a obra-prima que ergueste até agora!






Frase de Che Guevara: "Muitos me chamaram de aventureiro e o sou, só que de um tipo diferente: dos que entregam a pele para provar suas verdades."




A entrega é uma característica única em quem a contem, proporciona horas e horas de luta férrea e convicta para com quem distorce os ideais por estes senhores interiorizados enquanto pequenos petizes, que ouviam narrações em série de sábios dotados de sabedoria invulgar!




"Os homens não têm muito respeito pelos outros porque têm pouco até por si próprios."  Leon Trotsky

quarta-feira, 18 de maio de 2011

A selva

Numa floresta cheia de luz
o sol feliz na copa reluz
uma águia, um lobo
na selva ele faz de bobo
uma cobra trepa o tronco
sem ruído, pouco a pouco
o leão ruge, é o rei da cena
vigiando a cria pequena
cresci no meio desta bicharada
nas folhas saco a charada
voo como um corvo
útil e sem ser estorvo
a selva é um circo de diversões
com aromas, cores e canções
presa ou predador, qual o lado?
será aquele leopardo pela brisa embalado
ou um antílope humilde no pasto
é um dilema mais de mil vezes gastos
nesta selva verde e pura
a realidade é doce e dura
a águia esvoaça nos céus limpos
é a magia dos tempos findos
a magia selvagem fugiu
o leão morreu e não rugiu
a cobra secou de sede
foi apanhada na vil rede
do ódio humano
que só anseia o dano!

terça-feira, 17 de maio de 2011

Refém do vício.

Num tasco numa localidade na beira interior
um velho homem goza a folga do seu labor
sentado no banco olha os quadros da parede
enquanto segura o vinho que lhe mata a sede
trémulo devido à avançada idade que pesa
adora ir ver o mar quando a maré vaza
pele enrugada com marcas da guerra colonial
de histórias sombrias contem um manancial...

Vou passar a contar uma delas
....


Passou-se à 30 anos, volvidos a todo o vapor
ainda sente os danos bem marcados no seu amor
era ele um jovem pujante e cheio de sonhos e ilusões
idealizava um mundo só sem nenhum tipo de divisões
mas uma paixoneta traiçoeira toldou-lhe a imaginação
um diabo em corpo de mulher tirou-o da sua nação
prometeu mundos e fundos em pesadelos profundos
levou-o a provar o sabor dos pisos mais imundos
desde a diabólica acessão das drogas ao jogo 
foram anos neste calvário de ver a alma a ferro e fogo
a certa altura este nobre homem era um vulto 
caminha titubeante para a porta do sepulcro
a mulher-diabo abandonou-o nas ruas e vielas
sentado, descrente e sujo, agonizava à luz das velas
o sangue corria gélido nas veias deste corpo
exalava dos seus poros um súbito aroma a morto...


Depois de meses a fio nas ruas cinzentas e doentias
....


Apanhou um comboio dos trocos que apanhou em carteiras perdidas
atravessou pontes, montanhas metrópoles, com informações distorcidas
finalmente chegou ao seu doce lar mas nada é igual ou semelhante 
mas passado dois ou três entrou para talhante
trocos eram precisos para orientar uma casa razoável
para ter uma vivência mais ou menos agradável
e assim andou durante mais 10 anos nesta sua cidade
amarguras assombram-lhe a alma que lembra a sua mocidade
mas ...

O vinho foi o seu maior obstáculo 
que o cercou e aprisionou no seu habitáculo
litros e litros de de veneno no seu organismo
diversas curas ainda acicataram mais o seu alcoolismo
a sua garganta é um passadiço para verde e tinto
sangria, rum, bagaço, da mais rasca cerveja e absinto


actualidade 
....

É um mártir da crueldade do destino
da ceifa maluca com um arbítrio libertino
que amputa a esperança a espíritos mundanos
inconsciente e sem sequer pensar nos danos
a sua mente é um circo de deambulações
de anões malvados e sopranos sem pulmões
de vultos, fantasmas, múmias e demónios
disfarçados de ratos, plantas ou campónios
na prisão que conserva na sua alma
de tanto beber já sangra a palma

com este destroço humano me vou
nas asas do meu dragão eu voo
até um dia meus caros leitores
sejam felizes nas derrotas e amores
um beijo fofo e muitas dores!

segunda-feira, 16 de maio de 2011

RAIVA!

Quando é que vais voltar a brilhar?
Abençoado por este céu límpido e estelar
essa benção que te dará o sorriso quando o mundo tombar
gastei papeis em pilha para te descrever
para tentar compreender essa tua alegria de viver
e essa ligação espiritual entre nós que tentas promover
litros de suor destilei neste meu quarto fantasista
quando contemplo a tua cara a sensação é mista
conheço cada passo teu nesta sensual pista

lês a minha escrita feita de modo sério
estará à venda na Fnac cheia de mistério
alienada de burocracias ou de qualquer ministério
foi um ano trancado na cave cheia de fumo
equilibrei o meu ego com um fio de prumo
o mental é sempre o mesmo beba vinho ou sumo
neste prédio assombrado pelo mau olhado
desço as escadas e vejo mais um exorcismo falhado
virtual mundo ao qual quando lúcido estás alheado

Foge de todo um cataclismo
ainda és imberbe para entender tal paralelismo
mente aberta dispersa qualquer fatalismo
hedionda ignorância acumula-se no sub-consciente
não anseies tudo duma vez tenta ser paciente
da tua ânsia de fama e sucesso eu estou ciente
abro a tua mente com bisturi e retiro-lhe o cociente

Corres esses campos como uma gazua
para quê dar os louros à fama se sou eu quem sua?
quando brilho em altas até o Lúcifer amua
rogas-me pragas e pragas quando cruzo a rua
tentas esfaquear esta minha alma límpida e nua
basta de anos a fio de erros crassos
basta de seguires os meus passos
chega de toda a gente inventar casos
e de artistas fazerem-se de generais e serem soldados rasos
já nem sinto este sangue me irriga os vasos
nem me transtorno por acontecimentos trágicos
porque vejo o povo ser chefiado por uma data de monofásicos!

Num papel branco...

Num papel branco e sem expressão
exalo litros de suor com ardor e pressão
sentimento sublime directo do meu coração
sempre fui rejeitado nunca caso de adoração
sem preparação criei esta fera sem comparação
preparem-se para vil ritual da voraz devoração..

O sorriso escondeu-se atrás da medo
cozinhava no quarto um império em segredo
no escuro, ao frio como se tivesse num beco
falei sobre o demónio da droga e do desemprego
afastei-me por meses de quem tinha mais apego
mas sou humano e sei que cometi muito erro...

Mas soube sempre passar por cima disso
elegante, altruísta e sem nenhum compromisso
verdadeiro sentimento genuíno nunca postiço
inesperado como uma vulgar doença, sem aviso
a mensagem da paz e do amor aqui profetizo
choro lágrimas de susto sentado no sangue do piso...

A luz teima em não dar sinais de vida
nos ultimos tempos tem andado foragida
ténue, pálida. inerte, apática, desprotegida
não vou parar por ter esta meta quase atingida
vou seguir lutanto para este talento não dar de fugida
embalei em rimas ardentes toda a sabedoria transmitida...

E agora surjo com novas tendências
direcções, influências, cadências e essências
velhos ideiais, mas novas forças e apetências
instruí-me com sábios para trazer novas valências
eu não estou igual, tenho é bastantes equivalências
sempre no topo da pirâmide, sou avesso a falências.

quarta-feira, 11 de maio de 2011

Altas horas.

Mais um dia passado num estado de nervos
imparável num par de horas salteado com palavras e verbos
combino saída da parte da noite com o irmão
aquele meu amparo a quem se puder também dou a mão
amigos no meu escritório de modo a não criar sozinho
com todos eles passamos pelo espinho e azevinho
muitas vezes sem recursos ou sem capacidade
contemplamos com espanto a magnitude desta linda cidade
ao frio e ao vento num qualquer evento sem ser avarento
unificamos almas e espíritos em qualquer momento
rapazes ou raparigas todos são bem vindos
não nos damos com burros, arrogantes e vendidos
grupo restrito de talentos em franca ascensão
conselhos dados por bocas experientes ouvidos com atenção
desportistas, artistas plásticos, escritores, dançarinos e cantores
que com a sua veia fértil despertam mil e um amores
várias vertentes mas um único e proeminente tópico
à ideia de vender o teu talento ao dinheiro tenta ser fóbico
tens que se ver verdadeiro,ordeiro, nada interesseiro
caseiro, nesta cena primeiro, trabalhador como um carpinteiro
para esculpir esta escultura, tens que estar à altura,  rotura
com a normal cultura já saturada, conciliador desta tribo fracturada
acabada escrita, limada e aparada como uma obra adorada
quando sinto o reconhecimento dos amigos a sensação é redobrada!

Inoculação de lixo nas tuas veias
provoca-te tonturas, insónias e
apneias, tosse, hemorragias,
alergias, letargia, falta de senso
pretenso sentido de humor também
preciso alguma falta de ciso neste piso
o sorriso nos lábios é preponderante
na arte do plágio apanho-te em flagrante
a cometer tão hediondo acto
mas tu preferes roubo, homicídio
e peculato!

Bom dia.

Bom dia a todos neste périplo no espaço
sideral que nos mantem duros como o aço
sou inteligente e nunca puxei pelo maço
sei bem que isso é uma burrice, erro crasso
faço o que faço porque é o que gosto de fazer
é trabalho, dureza, pureza, labor e lazer
durante anos caprichei no treino e na preparação
para obter um estilo pessoal e sem comparação
comparo alguns comigo e fico hilariado
por esta sociedade fria e canibal eles
estão em pleno modo de devoração
e eu na linha de montagem de metáforas
e frases incandescentes e com temperaturas
elevadíssimas para o comúm mortal
mas para mim é o meu habitat, habituado a
a este cenário assombroso e brutal!

A minha adoração ao fantasista é notório
quando deixar de sonha irei ao sanatório
morte súbita desta mente jovem e diabolica
com mais força e energia que uma central
eólica localizada bem no cimo da colina
brinco com gramática e semântica como
um puto de 5 anos brinca com plasticina
quero ser cada vez melhor e melhorar cada
vez mais nesta área, compreender tudo o que
a rodeia e nunca para de trabalhar, estando
em casa ou no trabalho surge sempre uma ideia
ou várias que atacam num papel como uma
alcateia.

Numa Rima...

Numa rima esta caneta prima
por te trazer para cima com
a palavra que agora te anima
e teu nariz não ergue nem empina
parafernália de versos e verbos
agrestes, agudos e controversos
uns aglutinados outros bem dispersos
sagrados e puros como bebés em berços
somos duros não choramos agarrados
a terços e crucifixos com imagens alegóricas
bilhete gratuito para visões fantasmagóricas
patologia desconhecida por este médico
tal volume de informação é inato e inédito
com elevado e bem suportado cartel
toda a gente me contem em enorme crédito
catalogo rimas e rimas em cardápios secretos
para os meus sobrinhos, filhos e netos
alguns textos abstratos outros concretos
infusão metafórica injectada na artéria
por uma fina agulha neste predestinado feto
cápsulas resguardam sementes de mentes
de tamanho poder cognitivo que vocês
ficam completamente dementes e descrentes
racham a cabeça e perdem os dentes
isto é poesia assombrada não vai lá
com panos quentes!

Mas vozes arrombam esta casa
corpos dão à costa quando a
maré vaza nesta pérfida praia
sou antigo e actual como Vila Faia
quando se mistura maldade e mente
a maioria das vezes a vida dà raia
odores e liquidos viscosos eu piso
premonições e previsões em rima
profetizo, ironizo, aviso com senso
conciso, sennhoras e senhores com
dificuldades motoras e muitas dores
que com a escrita e musica tenho
fiel, firme, fraterno, até ao inferno
interno, eterno, com jeans e sem terno
moderno compromisso!

Estás sozinho na tua grande mansão
ao longe escustas uma fina canção
persuação fácil sei que é a tua propensão
levitas e segues o chamamento
sem queixa, opinião ou lamento
a voz do Diabo é doce com uma
endeusada mulher, sangue a ferver
nem sonhas o que eu nesta bola
de cristal no teu caminho consigo
antever, vou te ver sofrer, morrer
mental e fisicamente desvanecer
e falecer, porque foste iludido pelo
apelo do Lúcifer, que a tua limpa
alma, sagaz, mordaz, letal, e
senhor do mal ele quer morder!

terça-feira, 10 de maio de 2011

Obrigado

Era-mos crianças pequenas e irreais 
de mão dada para a escola levados pelos pais
tempos bons e velhos como barcos no cais
alegres e viciados na brincadeira sempre querendo mais
aulas e aulas para aprender o que nos ensinavam 
sorriamos enquanto alguns lá fora roubavam
no escuro da sociedade os teus azuis olhos brilhavam
a magia da tua cara sobressaia quando os pais nos ralhavam
.........
Alguns tempos depois...


Foste para uma cidade longínqua 
deixas-te orfã esta nossa amizade
fiquei sozinho com a maldade à míngua 
mal sabia eu que a vida me ia dar outra oportunidade
de te aconchegar com o amor do meu coração
sem luxos ou falsas e vãs promessas
sempre vi em ti sinceridade sem ficção
voltaste a ser a minha luz em marés adversas
a tua distância não rompe estes nossos laços
de sangue que nos unem de forma bem segura
um dia vida unirá outra vez os nossos passos
embevecidos pela amizade, união e ternura...


.....
Agora....


Escrevo este trecho para a tua pessoa
sentido e com alguma qualidade
mostramos ao destino com quantos paus se faz uma canoa
torneamos a distância com esperteza e facilidade
agora espero por uma chance cara a cara
para reaver todo o tempo gasto em silêncio
somos o vingador que o vil tempo desmascara
contigo ao meu lado qualquer demónio eu venço
a tua simpatia derrete até a barreira mais dura
adoro esse jeito tenho a certeza que já te disse
sinto isto com uma vela que até ao vento perdura
no parapeito da janela, sabes que mais? Obrigado Nilce.

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Irritado

A linha entre mal e bem é frágil e curta
por vezes transparente e leve com uma murta
outras vezes pesada e poluída como a tua mente
a tua sanidade muitas vezes a sociedade furta
e aprisiona-a em cativeiro de forma permanente
e falam da sua falsa genialidade de forma absurda
demente e doentia inteligência dúbia e assombrada
tu és mal feito e defeituoso com uma fala dobrada
num filme mexicano com cisões familiares no guião
não dás vazão a esta rima vinda da casa endiabrada
és tedioso e desesperante como uma sala de urgência
cadência fulminante desta bruxa sórdida e macabra
esperas que a igreja abra para chorares a penitência
jorras lágrimas de ocasião sem sentimento na vida
a mim não me enganas sua Madalena arrependida
esgoto o teu parco talento e nem te peço recibo
o teu nome nesta área devia ser "Perdido na Tribo"
neste burgo à noite nem todo o tipo vai para a cama
mas tu és diferente vais para a cama com qualquer tipo!

domingo, 8 de maio de 2011

Retrato

Olhava para o céu e pensava qual o meu caminho
horas e horas a fio pensativo sem visitar o ninho
destilava rebeldia sentado a escrever neste pergaminho
apostado em tornar-me o novo rosto deste novo Minho

dei a cara pelos mais radicais movimentos de justiça
espontânea e sensível avessa aquela que se vê postiça
a verdade desassombrada nesta poesia é a permissa
revolucionária rima potente sem precisar de ser submissa

ouvia toda a gera dizer que era mais um fardo da sociedade
vazio de conteúdo e substância sem qualquer capacidade
sentia tudo e todos de costas de voltadas quando ia à cidade
cresci fechado no quarto e daqui fiz a minha precária publicidade

passo a passo fui criando um império literário de extenso raciocínio
ciente da minha responsabilidade sabia que a mente era o domínio
fechava os olhos durante a noite e entrava num estado de alucínio
independente na criação e solto no pensamento sem patrocínio

pus o meu talento nas bocas de toda a minha tropa
já trazia aquela rima diabólica que esta gente já topa
não vendi a minha arte sagrada para pescar alguma cachopa
queria ser visto pelo que penso e não pela marca da minha roupa

passados 10 anos já não sei viver sem fazer poesia
sem viajar nas asas de um dragão na estrada da fantasia
sem cuspir em convívios aquela palavra louca e vadia
ou emanar aquele pensar que até o mais cinzento sol irradia

agradeço a todos que não me deixaram desistir
elevaram-me a um nível brutal e foram a força que me fez resistir
houve quem me dissesse que para ser pro é preciso insistir
e que uma pessoa é muita coisa, pense o que pensar, vista o que vestir!

sexta-feira, 6 de maio de 2011

Amo-te

Amo-te, mas ninguém mo deixa dizê-lo
adoro-te, ninguém te deixa sabe-lo
quero o teu amor, quero prová-lo
desejo o teu coração, quero habitá-lo

Sabes que te adoro
nunca mas nunca te ignoro
o teu ódio com o meu calor devoro
ao te ver quase sempre coro

Os teus braços são como droga
o meu ser nunca se roga
no seu carinho sempre se afoga
quando foges o meu coração ouga

Não corras para o infinito
este amor é sério não é mito
desculpa se sou frio como granito
mas eu amo-te, eu repito!

quarta-feira, 4 de maio de 2011

Sejam bem vindos..

Sejam bem vindos
a esta viagem aos tempos findos..
com duendes, anões, dragões
poços de magia, castelos e vulcões
onde alguns mágicos fazem feitiçaria em canções
em letras, quadros, paredes, passada época das poções...

Entrem no castelo, tão negro e tão belo..
vejam um esqueleto sentado a tocar violoncelo..
malévolo quadro à entrada exposto...
primas e primas sorriem durante o incesto..
Conde Drácula dorme no seu caixão...
cuidado, vejam onde andam, abrem-se fissuras do chão...
escadas movem-se diabolicamente sem critério..
estes putos estão pasmadas, nunca viram nada tão sério!

O frio é desconcertante,  entorpece as artérias...
acreditem, que não existe aqui, melhor campo de férias...
vejam os fantasmas a tomar o pequeno almoço...
um miúdo a falar sozinho? Está possuído, coitado do moço..
olhos raiados de tristeza, sofrimento, malícia e ironia...
na cave, rodeada de morcegos, a empregada berra de agonia..

Na torre, um farol vigia a vizinhança...
no pátio, uma rapariga seropositiva, inocente dança...
musica de orquestra, escura e mestra, o tímpano rebenta...
estes fogem da luz, como o diabo da água benta...
vampiros vagueiam por dentro das muralhas...
bebem o sangue humano com narcóticos e mortalhas...

Isto é só uma breve amostra, deste pérfido local
escuro, denso, com pulmões furados e paredes de cal..
candelabros alumiam até meio do caminho...
os dragões recolhem aos aposentos, são bem vindos ao ninho...

terça-feira, 3 de maio de 2011

Dragão ...

Numa gruta dorme o dragão
nado no triste fado do reino de Aragão
olhos brancos e corpo cansado
falso auspicio destino lhe foi augurado
durante anos voou nos céus da sua terra
pujante e popular quando a magia estava na moda
quando emanava das linhas duma canção numa viola
quando crescia em caldeirões e bolas de cristal
agora bate as asas de ano a ano, quando é natal
homens tarados andam armados em sua busca
no leito do seu sossego a morte é uma cusca
o seu fogo é ténue e nada mais do que uma vela
quando dantes era flamejante, viva e bela que chegue
 para dilacerar povoações e queimar uma caravela
as suas crias foram assassinadas de forma aberrante
por estes doentes que vagueiam de forma errante
na densa e misteriosa selva animal
se lá existem criaturas especiais, qual é o mal?
os humanos têm a arrogância metida na alma
aniquilam tudo e todos mantendo a maior calma
raça maldita, amaldiçoada pelo condão do demónio
inata ambição de tornar o equilibrio num pandemonio
não me sinto parte deles, ponho-me aparte no meu canto
não sou humano, não sou Diabo, não Deus, nem santo
não gosto de convencidos, arrogantes, armantes e esperos
sou um vulto fechado mas de olhos bem abertos!