Ninguém me silencia
de forma suave e macia
ladro e cravo as unhas
quando a maré esvazia
e tu deitado na areia sonhas
com um mundo utópico
qual é o tópico?
eu estou na vila e tu no trópico
não sei se sabes
mas eu sou filantrópico
fantasista quanto baste
sem fazer desastre
sei ser realista
idealista sem ser materialista
digo asneiras
e cometo erros
não sou um falso moralista
sei que já te usaste do meu nome
para subir a um lugar de renome
mas eu escrevo para te matar a fome
de poesia e de fantasia
que te extasia
anestesia numa maca hospitalar
com soro na veia a jorrar
a tua mãe ao teu lado a chorar
e tu nas asas de Condor
sossegado e aluado
a viajar
o teu coração bombeia felicidade
facilidade em ter a habilidade
de ambicionar alegria
amor e amizade.
Em panfletos anuncio o meu sucesso
só saúde e vitalidade é o que peço
és rico? Eu não tenho preço
eu sei que para ti estou do avesso
mas é este realismo cru e duro
que aos meus amigos forneço
futuro desvendado
numa bola de cristal
fundamental destino
libertino e crucial
para quem me ama
neste mundo assombrado!
Fecha-te no quarto se tens algum receio
pelo dia do julgamento eu anseio
sem freio risco o teu nome a giz
estou ansioso porque vou fazer juiz
e mandar-te para prisão com fantasmas
ventrílocos ofegantes com asma
a verem mutilações gratuitas em plasmas
isto é só início e tu já pasmas?
Dizes-te inocente
a boca fala mas não sente
não diz nada estruturado e decente
ausente coerência deste paciente
nada paciente na hora de
sair da cela
parcela minúscula a si
conferida para viver e tratar da ferida
à luz da vela
como na viela onde vivia
convivia com o mundo
criminal que agora ignora.
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