Apresentação

Ser humano é medo, é fragilidade, lágrimas e sangue...
sofrimento, agonia, angústia e lamento sem fim...
a mim, a ti, a nós, o medo atacará até perder a voz..
vocês não acreditam...
enquanto isso..
ele age silenciosamente ...

Somos alimentados por medo!

sábado, 28 de abril de 2012

Dias

Durante dias a fio fechado em casa, sem um único feixe
de luz, sem ouvir o barulho da urbe, que surge de carros e pessoas
umas más e outras boas,  ensurdece qualquer tímpano, escrevo como
um dinâmo,  poesias e prosas já passam uma grosa, são leves e românticas
como rosas, infiltram-se no teu ser como hipnose ,  é gnose, corpo, alma e mente
em sintómatica simbiose, osmose, em metamorfose, prefiro o teu conteúdo do
que a tua pose.
Apoteose inédita, nada céptica, épica, para muitos incapazes anémica,
química entre papel e escritor, caneta que acarreta sensações e ilusões
alucinantes, alucinações, visões e sonhos com druídas e poções
é a poesia e a prosa conjuntas num projecto misterioso
criterioso, imperioso, valioso, impiedoso com o que ver
morto, de Lisboa ao Porto, sem zona de conforto, absorto
em cada trabalho feito com vaidade é como feto num aborto..
versos e veros , controversos, transverso num texto sem contexto
pretexto para metaforizar assuntos ricos em sumo cultural,
ironizar, calcificar uma cultura que tem pernas para andar!


quinta-feira, 26 de abril de 2012

Inferno das palavras!

Todo o ser tem valor
é irrefutável! Inegável num trajecto
sinuoso que é a vida, desprevenida,
precária, adversária num jogo sádico
repleto de feitiços e macumbas...
esqueletos se alevantam firmes de tumbas
para verem a hora em que tu triunfas
sem medo ou receio do teu futuro
com aquele vencer puro e duro
obscuro entardecer cobre a minha aldeia
lobos atacam em forma de alcateia
tochas e candelabros alumiam à frente
num trilho subterrâneo que continua
eternamente...

Cresço com a seiva do meu trabalho
falho! Sim, sou humano, provoco dano,
furo plano, mando poema para o cano,
profano...
falta lucidez, fica branca a minha tez,
ensaio um desmaio, esvaio-me, caio na
teia da viúva negra, é regra...
brinco com o risco como uma criança
num berço...
um devoto se amarra a um terço,
eu faço votos para que nunca falhe a minha
crença, no meu labor, o meu amor, feito com
ardor, valor e brio, sinto frio, irradio tremor,
a percentagem de sanidade já não alcança
um terço do valor!

sábado, 21 de abril de 2012

Fim do Mundo

Fim do mundo vislumbro no horizonte
numa visão aterradora mesmo à minha frente
céu pintado numa cor garrida e berrante
o agudo dos gritos humanos é arrepiante
tento deixar um testemunho num papel de rascunho
a mão treme de medo e só sai um gatafunho
ataxia afecta cães e gatos repletos de susto
tento alimentar-te com restos perdidos a todo o custo
o barulho é ensurdecedor dos trovões a rebentar
nos tímpanos que com tanto esforço tendem a bloquear
neural derrame de glóbulos tira-me a racionalidade
brutalidade! O mundo é ilusão e saudade...
choro lágrimas salgadas neste mundial tão inssosso
humanos lutam por água como sete cães atrás do osso
os mares ganham hectáres ao ser humano de forma atlética
é satanás a castigar a terra pela ganância e falta de ética
num zodíaco macabro rodam signos num carrossel ilusionista
a terra está em colapso, sê bem vindo ao nirvana dos anarquistas...

sexta-feira, 6 de abril de 2012

Versos

Fecho-me no quarto a ler e a escrever
tantos livros, tantos! Já fazem uma pilha!
por vezes sinto que estou só numa ilha
afogado nas minhas leituras de madrugada
onde lavo e rejuvenesço a alma fustigada
alienada de um país gelado! Concentrado
em questões minúsculas, sem vírgulas, o
tempo passa sem filtro numa viagem sem
terminação, com coração faço a doação
da minha cultura para que não vivamos
em vão!

Detono dogmas encriptados nas linhas
sombrias da vida, precavida, ávida,
prevenida e esclarecida, é assim a minha
arte, durante anos posta aparte, de parte
a parte, ninguém comparte, valorizada por
mim até ao dia do enfarte. Filantropo com
quem me segue nestas jornadas, endiabradas
, desmesuradas, hipotecadas pelo calculismo
erróneo de certa gente, agente licenciado
em direito literário, o estudo é vário, nunca
arbitrário, sempre necessário, imenso e denso
num propenso estilo solidário, renego totalmente
a ser autoritário!


quinta-feira, 5 de abril de 2012

Luar

Ao luar vive uma esperança que se esvai no vaivém eterno dos ventos que beijam as faces das mais belas moças  cidade fora. Cada pedra da calçada conta uma história inusitada, propensa a espanto, envolta em actos loucos, heróicos, que surgem pela extrema e quase suicida que o humano tem em se agarrar algo superior. Uma crença numa instituição a roçar o divino, alguém que tenha ascendido a um patamar inacessível de estatuto social, mental e espiritual tanto em si como em quem o admirava. É duma crueldade quase medieval fechamos o nosso coração a algo invisível, não palpável, escondido entre a bruma da duvida e da ausência de suporte físico, quando durante a vida, e esta sim física e material, somos confrontados com pessoas incríveis, com uma redacção de vida sumarenta, substancial quase em demasia, onde podemos beber sabedoria e estreitar laços de amizade e amor e darmos um colorido mais garrido e perceptível. Cada pedaço que absorvemos de cada pessoa, situação ou sensação que experimentamos, vivemos ou conhecemos, é uma aprendizagem para que no futuro nos possamos tornar um ser humano melhor naquilo a que se chama de interacção entre as pessoas na sua vertente pessoal e profissional. Durante séculos houve um bloqueio total na mente da sociedade, enclausurando o pensamento numa jaula viscosa, fria, escura e assombrada de uma ideia fixa e imutável de que para sermos correctos e nos identificar-nos como um dos demais, temos que crer cegamente num conceito, numa ideia absurda de escravidão ao velho estilo dos sultões árabes. Sou um anti-clerical assumido, mas nem é dessa condição que advém este ponto de vista, é talvez da paixão que tenho pela liberdade de pensamento, total carta branca para construção de teorias e mentalidades dispersas que quando conjugadas entre si podem dar um fruto: Entendimento entre partes distintas que resulta num esforço mútuo para mudar o que está errado, a escravidão espiritual e cognitiva do homem ao longo do desenvolvimento do planeta como habitável.
Não acreditar não é um eufemismo de moribundo, é uma condição como tantas outras, mas que não me coíbe de respeitar quem acredita, só tento captar o nocivo dessa questão e tentar tratá-lo com a ajuda do meu parecer. A chave mestra da coexistência humana não está numa uniformização do carácter de cada um , está na junção orgânica e ideológica de cada parecer, formando uma teoria magna, com vários afluentes mas apenas com um fim: A harmonia entre opiniões diversas!

Um obrigado a todo!

terça-feira, 3 de abril de 2012

Numa duna..

Numa duma nada se coaduna
vivo periclitante com fortes dores na coluna
surda dor que me agonia dias a fio
tento atenuá-la expondo-me ao gélido frio
levo comigo um papel e uma caneta azul
tento descrever o país de norte a sul
inspiro-me com a genuinidade que trás os montes
de lá vem a magia e pureza que se retrata nos contos
nostalgia dos tempos de menino na aldeia
toda a gente junta à mesa na hora da ceia
agora só vejo pessoas com os olhos vidrados
coração petrificado e por fantasmas acossados
humanidade vive ensombrada por uma maleita
criada por uma bruxa pelos demónios eleita
tudo se evapora num milésimo de segundo
profundo e do escuro oriundo, é algo de outro mundo..
submundo infestado de feitiços sórdidos
vozes de vultos anunciam desastres em apoteose
mórbidos esqueletos decoram entradas de casas
filmes pornográficos são elaborados em mentes devassas
gráficos alegóricos são banidos de circulação
imolação é a redenção para quem resiste à maldição..
excisão de crença pratica-se em tendas no deserto
mutilação espiritual está cada vez mais perto..
estou assustado! Presencio cenas que nunca vi!
filme da destruição humana, num cinema perto de si!

sexta-feira, 30 de março de 2012

A Diferença

Numa era em que a paciência e a sensibilidade artística se esvai como nevoeiro no orvalho matinal, sobrevivem de modo agreste alguns pontos de luz neste breu espesso que se acumula nos céus que nos cobrem!
O secar das fontes de inspiração na alma de muita gente enegreceu o seu espírito, tornando as pessoas mais frias, insensíveis, assassinais, totais responsáveis pelo descalabro social, cultural e anímico a que assistimos de pés e mãos atadas como sessões de tortura.
É de uma covardia absurda por parte de alguns, e repito, alguns membros da comunicação social culpar a crise pelo enlamear constante do quotidiano de cada um, quando o problema é fundamentalmente de mentalidade e urge de maneira iminente uma mudança no modo comportamental da sociedade em que estamos inseridos!
Não é a crise que conduz a uma selvajaria caótica que diariamente é relatada em forma quase de poesia bélica nos noticiários por este país fora, tudo advém de uma educação deficiente, com clamorosas falhas que não são devidamente colmatadas durante o crescimento, e que chegado à idade adulta dão aso a atitudes e acções como violações, roubos, homicídios, burlas, sequestros, toda uma vasta panóplia de delitos que ajudam a enrijar a teia do crime, que já cobre uma franja significativa dos jovens e adultos deste burgo.
A crise na minha humilde opinião não é mais do que um lobby jornalístico, um bode expiatório que serviu como uma luva para engrandecer a estupidez e a fragilidade de um povo que nunca valorizou aquilo que era nacional, perdendo-se de amores pelos estrangeirismos, criando um vazio dentro da sua nação e tudo aquilo que é produto nacional de toda e qualquer índole. Somos usados como fantoches, marionetas controladas à distância por manipuladores de excelência, que sentados a seu belo prazer na sua confortável cadeira do parlamento, qual café qual quê, mandam e desmandam tudo o que dizemos, fazemos, pensamos e contestámos.
Usemos a arte como instrumento para abrir mentes como médicos egípcios, lavar as impurezas que lá moram e medicar o cérebro, doente por tanta bactéria informativa ter desregulado o seu campo de imunidade e ter rompido as defesas que tantos anos demorou a erguer e solidificar! Nós não estamos em crise, a crise é um diagnóstico mal tirado a uma patologia neural e física que não é mais de que a incapacidade de fazer a diferença para melhor. Porque a mudança é pura e simplesmente isso, fazer a diferença! Mudar, melhorar, querer algo melhor do que a realidade tacanha, tímida e fechada numa jaula onde é só podridão e paralelismo entre o medo e a ignorância!

Sejam diferentes, sejam melhores!

Rui Castro!