Ponta gráfica descreve palavras como rectas
papeis em branco suplicam por uma assinatura
caricatura da sociedade esculpo da minha mente
proeminente poesia emana da esfera da caneta
tinta acaricia com verbos e metáforas a bela frase
que contorna com amor e carinho um verso inacabado
livros em pilha ajuntam-se na minha secretária cheia de pó
mete dó a lixeira urbana que se tornou a minha avenida
seringas e plásticos perdidos no vento que nos embala
sentado na varanda sinto-me envolvido na sala pela musica
que se expande pela casa através de ondas sonoras
ultra-sónicas que vagueiam no espaço sideral com velocidade
comicidade de situações citadinas devolvem-me o sorriso
que me fora sacado pela negritude que encarcera a alma
da sociedade numa redoma de vidro laminado a cinza
fluência consecutiva de químicos e fragmentos de experiências
mesclados no leito mental que me embevece diariamente
calmamente recolho o caderno e a lapiseira na gaveta
proveta ideia progride no meu neurónio esquerdo que ferve
na incubadora cresce gradualmente até passar para escrito
de proscrito a eleito num abrir e fechar de olhos
molhos de verbos e metáforas contenho atrás da porta
este portal que me transportar vou cessar por um momento
e dar aso à calma que se esvai suave e paulatinamente pela noite fora...
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